O protesto ainda não tomou as proporções de uma escalada, como temido pela comunidade internacional, nem o "inferno" prometido pelo movimento islamita palestino Hamas para os interesses americanos.
Esta segunda sexta-feira após a comoção criada por Trump se anunciava como um novo termômetro da revolta palestina: nos períodos de tensão, a saída da grande oração semanal serve, tradicionalmente, de válvula de escape em Jerusalém, Cisjordânia e Faixa de Gaza.
- Revolta -
Depois de convocar uma "nova Intifada" após o anúncio de Trump, o Hamas pediu ontem que cada sexta-feira seja um "dia de fúria".
Nesse sentido, o Hamas convocou os palestinos a voltarem a lançar pedras contra o muro de cimento e de metal que bloqueia as fronteiras israelenses de Gaza - território governado pelo Hamas. Na Cisjordânia - separada da Faixa de Gaza pelo território israelense e destinada a um dia formar com ela um Estado palestino independente, mas hoje sob ocupação israelense -, jovens palestinos vêm enfrentando os soldados israelenses com pedras, diariamente. Os militares respondem com balas reais, ou de borracha.
Em cada um desses protestos, o número de manifestantes raramente passou de algumas centenas. Para os palestinos, o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel nega a identidade árabe de Jerusalém Oriental, anexada e ocupada por Israel, e mina suas aspirações de um dia estabelecer, nesse local, a capital de seu futuro Estado.
Uma recente pesquisa do Centro Palestino de Pesquisa Política afirma que 45% dos palestinos é favorável a uma revolta popular para resolver o velho conflito com Israel. Há três meses, 35% preconizavam a resistência armada e, na opinião do diretor do instituto, Khalil Shikaki, a "única explicação possível" desse aumento é a decisão de Trump.
Se isso não se traduziu em uma mobilização em massa, deve-se à eficácia das forças israelenses e à cooperação dos serviços de segurança ligados à Autoridade Palestina, embrião do Estado internacionalmente reconhecido e interlocutor de Israel, disse Shikaki à AFP.
Além disso, "o Hamas é muito fraco na Cisjordânia, e o Fatah (partido rival que domina a Autoridade Palestina) não quer tomar o caminho da violência", acrescentou. "Isso não vai mudar de imediato", avaliou.
A menos que entre no jogo "algo que afete não apenas o status político de Jerusalém", afirmou, apontando que "esse componente religioso, emocional, está ausente atualmente".