Sem solenidades, Cuba recorda neste sábado (25/11) Fidel Castro, no primeiro aniversário de sua morte, num dia de poemas, canções e discursos, que só rivalizam com os chamados para as eleições municipais de domingo.
O ato mais importante será ao entardecer nos degraus da escadaria da Universidade de Havana, tribuna frequentemente usada por Fidel em seus discursos incendiários.
A União dos Jovens Comunistas (UJC) convocou os estudantes e outros jovens para uma "noite político-cultural" para marcar "o primeiro aniversário do desaparecimento físico do Comandante-em-Chefe".
Não se descarta a participação de seu irmão, Raúl Castro, que o substituiu na presidência de Cuba em 2006, já que o governo não planejou nenhuma comemoração oficial, inspirado na rejeição do culto à personalidade defendida por Fidel e que o Parlamento referendou legalmente.
Falecido aos 90 anos, 48 %u200B%u200Bdeles à frente do governo de Cuba, Fidel despertou paixões extremas entre os cubanos. Ninguém é indiferente. E como há um ano, seus inimigos em Cuba estão em silêncio neste dia.
"Eu sou Fidel", "Fidel vive", "Fidel entre nós", diziam os cartazes, graffitis nas ruas e especialmente na mídia, um tributo que começou há dias e que permitiu retrair um pouco mais a cortina que Fidel sempre manteve sobre sua vida privada e família.
Sua esposa Dalia Soto-del Valle e seus cinco filhos, Alex, Antonio, Angel, Alexis e Alejandro, foram convidados para homenagens públicas e sua presença nos meios de comunicação ganharam destaque, uma novidade para a maioria dos cubanos que não os conheciam.
Antonio, ortopedista, está trabalhando atualmente no projeto Béisbol5, da Confederação Mundial de Beisebol e Softball, da qual é executivo.
"Realizar projetos como este é simplesmente cumprir com a tarefa deixada por Fidel", disse ele à AFP. "Fidel vive em todas as crianças que jogam beisebol, vive em cada ideia renovada sobre o esporte no mundo, vive na energia de todos os cubanos", acrescentou.
Quando este ateísta-marxista educado pelos jesuítas morreu, houve uma novena de luto em Cuba até que suas cinzas fossem depositadas em um monólito em Santiago de Cuba (sudeste).
Eleições por Fidel?
Mais de oito dos 11,1 milhões de cubanos são convocados no domingo para votar nas eleições municipais, um processo sem surpresas, que deve terminar em fevereiro com um novo presidente, como parte de uma mudança geracional, prevista pelos dois irmãos.
Votar em Cuba não é obrigatório legalmente, mas é considerado um ato político de apoio ao governo, o que significa que alguns meios de comunicação usam a figura de Fidel para convocar os cubanos às urnas.
Embora parte da dissidência tenha defendido a participação nas eleições, seus candidatos foram impedidos, desencorajados à força ou derrotados nas indicações de vizinhança.
O candidato que substituirá Raúl na presidência ainda não foi anunciado oficialmente. Ele iniciará uma nova era pós-Castro, mesmo que o presidente mantenha o cargo mais importante em Cuba, o do secretário-geral do Partido Comunista (PCC), até o próximo Congresso em 2021.
"Qualquer novo governo depois de Raúl Castro deverá ser, por natureza, coletivo, porque o país não vive um momento carismático e nenhum dos líderes da nova geração tem capital político para ditar a política, além das atribuições de seu cargo", afirmou à AFP Arturo López-Levy, da Universidade do Texas-Rio Grande Valley.
No entanto, muitos olhos observam o atual primeiro vice-presidente, Miguel Díaz-Canel, um engenheiro de 57 anos.
Antecipando até os menores detalhes de todos os movimentos futuros, não seria estranho que o próximo candidato à presidência em Cuba tenha sido aprovado por Fidel antes de sua morte.