A votação iniciará uma série de eleições que devem terminar, no final de fevereiro, com a substituição de Raul Castro, de 86 anos, no comando do país.
Contexto delicado
Ao longo do último ano, os cubanos viram a situação econômica de seu país se complicar particularmente devido ao declínio nas entregas de petróleo venezuelano, e o ritmo das reformas abrandou abruptamente.
Após um ano de 2016 marcado por um declínio do PIB de 0,9%, o Estado projetou um crescimento de 2% em 2017, mas esse valor foi reduzido para 1% em julho, enquanto o Cepal, comissão econômica da ONU para a região, aponta 0,5%.
Essas avaliações foram publicadas antes da passagem do Irma, cujos danos causados %u200B%u200Bnos setores do turismo e especialmente da agricultura ainda não foram oficialmente quantificados pelas autoridades. Ao mesmo tempo, a administração de Donald Trump adotou uma postura mais firme quanto a Havana, que provavelmente sofrerá novas restrições no comércio e viagens dos americanos à ilha.
Em agosto, o governo cubano travou a iniciativa privada suspendendo indefinidamente as licenças para trinta atividades para combater a fraude neste setor que emprega 20% dos ativos do país. De acordo com o ex-diplomata cubano Carlos Alzugaray, o país acumula "atrasos" nas áreas de descentralização, abertura da economia ao setor privado e unificação monetária, uma reforma esperada há vários anos.
Passagem de poder
Presidente desde 2008 após um período de dois anos, Raul Castro anunciou que não buscará um novo mandato e será substituído por um líder da nova geração. Por enquanto, é seu primeiro vice-presidente e número dois do governo, Miguel Diaz-Canel, de 57 anos, que está na fila para sucedê-lo.
Nascido após a revolução, este apparatchik de cabelo grisalho terá a difícil tarefa de federar em torno de sua pessoa, consolidar as realizações da revolução e continuar a transição econômica iniciada por Raul Castro. Este último, no entanto, não abandonará completamente o poder, uma vez que permanecerá à frente do todo-poderoso Partido Comunista Cubano (PCC) até o próximo congresso previsto para 2021.
"Nos próximos dois anos, a agenda do governo e a forma de exercer o poder provavelmente não vão mudar muito", prevê Michael Shifter, presidente do grupo de pesquisa Diálogo Interamericano em Washington. No entanto, aos olhos do especialista cubano Arturo Lopez-Levy, professor da Universidade do Texas Rio Grande Valley, esta transição "oferece uma oportunidade de mudança política conforme a visão da nova geração".
Para guiar seu sucessor, Raul Castro se encarregou de traçar as "linhas diretrizes" votadas pelo partido e pelo Parlamento. São elas que fornecem as orientações políticas e econômicas até 2030, tendo como objetivos a consolidação do regime e a continuação da "atualização" de um modelo econômico obsoleto.