A notícia foi dada em uma sessão extraordinária do Parlamento, convocado para debater uma moção de destituição de Mugabe, que controlou todos os aspectos da vida pública no Zimbábue desde sua independência, em 1980.
O anúncio foi comemorado nas ruas da capital, Harare, com buzinaços e gritos de alegria. A renúncia põe fim a uma semana de incertezas sem precedentes. Mugabe havia ignorado todos os chamados para se afastar do poder, e inclusive afirmou no domingo à noite, em um discurso televisionado, que presidiria o congresso do partido em dezembro.
Desde o início da crise, as vozes pedindo a renúncia do decano dos chefes de Estado em atividade no mundo se multiplicaram. "Com ele no poder, a vida era um desafio. Você ia à escola, conseguia um diploma, mas, no final, acabava vendendo cartão telefônico nas ruas", explicou à AFP Danny Time, formado eletricista.
O primeiro sucessor de Mugabe terá de reerguer a economia, em um país onde 90% da população está desempregada. Mas a mudança de presente não garante mais democracia, afirma o analista Rinaldo Depagne, do International Crisis Group (ICG).
A população está consciente disso. "Com elementos do partido Zanu-PF ainda no poder, tenho dúvidas de que haja avanços", comenta Munyaradzi Chihota, empresário de 40 anos. "Não queremos que troquem um ditador por outro", afirma, por sua parte, Oscar Muponda, outro morador da capital Harare.
A Anistia Internacional já pediu ao novo presidente que evite os abusos de poder do passado, recordando que nos 37 anos de presidente Mugabe milhares foram torturadas, desapareceram ou foram assassinadas.