Esta destituição levou as Forças Armadas a atuar. Na segunda-feira, o chefe do Estado-Maior, o general Constantino Chiwenga, advertiu claramente que se o expurgo prosseguisse no partido do presidente, suas tropas poderiam intervir.
;Desculpas;
Sinais de que o exército visa aos partidários de Grace Mugabe são as desculpas públicas de um de seus apoios. "Peço sinceramente ao general Chiwenga que aceite minhas desculpas", declarou o líder da Liga Juvenil do Zanu-PF, Kdzai Chipanga, em mensagem lida na televisão na noite de quarta-feira. "Ainda somos jovens, aprendemos com nossos erros".
Os militares se impuseram sem oposição. Houve apenas alguns disparos na noite de terça-feira perto da residência presidencial. Robert Mugabe, privado de sua liberdade, declarou que estava bem em uma conversa com seu colega sul-africano Jacob Zuma. Não comentou a situação nem falou de suas intenções.
No dia seguinte à intervenção militar, os habitantes em Harare prosseguiam normalmente com a rotina. A União Africana denunciou "o que parece um golpe de Estado". Também exigiu "que seja restabelecida imediatamente a ordem constitucional".
Preocupação
Zuma, fiel aliado de Mugabe, disse estar muito preocupado com a situação e enviou a Harare, em nome da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), organização regional que preside, dois de seus ministros para se reunir com Mugabe e com os militarews.
O bloco regional organiza, além disso, uma reunião de emergência para esta quinta em Botswana. Reino Unido, ONU e União Europeia pediram cautela às partes e que se resolva a situação através do diálogo.
Derek Matyszak, analista do Instituto de Estudos da Segurança (ISS) de Pretória, prevê negociações para a saída de Mugabe e de sua esposa. "Acho que Mugabe pode ficar no país", afirma, explicando que "a dificuldade da família Mugabe é garantir a segurança de Grace em troca da saída de Robert".
O ministro das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, afirmou que o Zimbábue está ante uma mudança decisiva. "É um momento de esperança, mas ninguém quer uma transição em que um tirano seja substituído por outro".