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Acordo comercial UE-Mercosul está próximo, afirma diplomata europeu

O gesto usado por Katainen foi a conclusão geral da reunião que teve nesta sexta em Brasília com o presidente Michel Temer e os chanceleres do bloco sul-americano para criar a muito esperada área de comércio entre ambas regiões

"Estamos perto assim de ter uma nova associação e um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul", disse nesta sexta-feira (10/11) o vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, aproximando o dedo indicador do polegar.

O gesto usado por Katainen foi a conclusão geral da reunião que teve nesta sexta em Brasília com o presidente Michel Temer e os chanceleres do bloco sul-americano para criar a muito esperada área de comércio entre ambas regiões.

[SAIBAMAIS]"Em um tempo em que alguns estão construindo muros, nós queremos construir pontes", disse no Palácio do Planalto, perto dos ministros de Relações Exteriores de Brasil, Argentina, Uruguai e o vice-chanceler do Paraguai.

Ambas partes trabalham com pressa para poder fazer um anúncio que sele o pacto, a menos em nível político, no mês que vem em Buenos Aires durante a reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC).

"Concluímos hoje mais uma rodada de negociação que eu espero que seja a última, ou a penúltima, de tal maneira que nós possamos ter. E esse é o nosso objetivo otimista, mas também realista: a conclusão deste acordo até o final deste ano", disse o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes.

Ao longo de quase duas décadas, as discussões entre os quatro países do Mercosul e os do bloco europeu - que atualmente são 28 - foram marcadas por desencontros.

Em 2004, a negociação foi suspensa e só foi retomada seis anos depois, com o compromisso de melhorar as ofertas originais.

No mês passado, a UE completou sua oferta, propondo a importação de 70 mil toneladas para a carne bovina e de 600 mil toneladas para o etanol, dois bens muito delicados politicamente no velho continente.

Mas os números decepcionaram o bloco latino, tornando-se um novo obstáculo.

Diplomatas sul-americanos e do governo brasileiro confirmaram à AFP que o acordo está bem próximo e confiam que chegará a tempo para Buenos Aires, apesar de ainda faltar afinar o funcionamento futuro de capítulos delicados, como compras governamentais, alguns bens agrícolas e propriedade intelectual.

Após a chegada de Donald Trump à Casa Branca, a UE buscou estimular uma política de livre-comércio e em julho passado alcançou um acordo político com o Japão, similar ao que pretende fechar agora com o bloco sul-americano.