O Arbain é um dos feriados mais importantes do calendário xiita. Marca o final dos 40 dias de luto pela morte do neto do profeta Maomé, o imame Hussein, assassinado no ano 680 pelas tropas do califa omíada Yazid durante a batalha de Karbala.
[SAIBAMAIS]Cerca de 14 milhões de peregrinos se reuniram no mausoléu onde Hussein está enterrado, anunciaram nesta sexta-feira as autoridades religiosas desta cidade santa, situada cerca de 100 quilômetros ao sul de Bagdá.
Como sinal de luto, estes fiéis batem no peito enquanto soam cantos religiosos incessantes. Alguns deles se flagelam e cobrem o rosto com cinzas, como também ocorre durante a Ashura, o dia do martírio do imame Hussein.
Fortes medidas de segurança
Entre eles, há mais de 10 milhões de iraquianos, indicou à AFP o governador Aqil Tourihi antes do auge da peregrinação, na quinta-feira à noite e na sexta-feira.
Além disso, quase dois milhões e meio de iranianos obtiveram vistos para participar da celebração, segundo o comitê iraniano que organiza esta peregrinação.
Também chegaram fiéis do Paquistão, Afeganistão, Líbano e Golfo. É o caso de Fadel Yaqoub, um kuwaitiano que se deslocou em carro e depois à pé. "As condições são perfeitas, sobretudo em termos de serviços para os peregrinos e de segurança", afirmou.
A segurança para um acontecimento desta envergadura, que em 2016 reuniu entre 17 e 20 milhões de pessoas, é de importância crucial para as autoridades no Iraque, onde já ocorreram reiterados ataques durante o Arbain e contra os lugares santos xiitas.
Este ano, Bagdá mobilizou 35.000 soldados e policiais, assim como 4.000 combatentes das unidades paramilitares do Hashd Al Shaabi, que registram os peregrinos e seus veículos, e controlam centenas de quilômetros de estradas que levam a Karbala.
Também foram mobilizados helicópteros, segundo a polícia, já que a província de Karbala faz fronteira ao oeste com a a de Al Anbar, uma extensa zona desértica habitada por tribos sunitas, onde as forças iraquianas buscam retomar o último reduto jihadista do país, perto da fronteira síria.
No ano passado, o EI causou uma matança durante a celebração xiita ao atacar um posto de gasolina onde havia vários ônibus com peregrinos que estavam voltando para o Irã, deixando ao menos 70 mortos, em sua maioria iranianos.
Apesar disso, Bandar Al Hamami, de Nassiriya, no sul do Iraque, diz que se sente seguro. "Graças a Deus, acabamos com o EI. (O grupo) só controla Rawa, e em breve teremos retomado todo o Iraque", afirmou Hamami, que viajou a Karbala com sua família, em referência à última localidade iraquiana em mãos dos jihadistas.