Lavagem de milhões de dólares
O caso se concentra nas movimentações financeiras de Manafort e Gates durante a última década, incluindo o período da campanha eleitoral, quando atuaram "como agentes não registrados da Ucrânia" nos Estados Unidos, segundo o documento de 31 páginas assinado por Mueller.
Para "esconder (...) dezenas de milhões de dólares" de pagamentos recebidos da Ucrânia, Manafort e Gates "lavaram dinheiro mediante um enorme número de corporações americanas e estrangeiras, associações e contas bancárias".
Por isso, Manafort foi indiciado por falso testemunho sobre seu papel como agente estrangeiro e por não apresentar as devidas declarações sobre contas bancárias no exterior e registros financeiros. Manafort foi nomeado chefe de campanha de Trump em junho de 2016, mas acabou sendo afastado do cargo em agosto quando foram reveladas suas ligações com a Ucrânia.
[SAIBAMAIS]Manafort e Gates "canalizaram milhões de dólares" para contas abertas por eles mesmos, ou por seus "cúmplices" em Chipre, São Vicente e Granadinas e Seychelles, segundo Mueller. De acordo com o documento judicial, essa atividade ocorreu entre 2008 e 2017 e se manteve quando Manafort chefiava a campanha de Trump.
Segundo o procurador especial, ambos, "juntamente com outros, conspiraram consciente e intencionalmente para lesar os Estados Unidos". Desta forma, Mueller deixou aberta a porta a mais indiciamentos relacionados ao caso. Manafort havia se apresentado voluntariamente pela manhã no escritório do FBI em Washington.
Casa Branca marca distância
No entanto, o próprio Trump e a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, tentaram desconsiderar nesta segunda a gravidade dos explosivos indiciamentos. No Twitter, Trump assinalou que as acusações contra o seu ex-chefe de campanha se referiam a coisas que ocorreram "há anos" e insistiu que "não há CONLUIO" com a Rússia.
Huckabee Sander, por sua vez, disse que as acusações contra Manafort "não têm nada a ver com o presidente, e não têm nada a ver com sua campanha nem com atividades de campanha". Papadopoulos, disse a porta-voz, era apenas "um voluntário" que chegou a participar de um comitê de Segurança que "se reuniu somente uma vez".
No entanto, as evidências indicam que Papadopoulos tentou colocar em contato dirigentes de alto escalão da campanha de Trump - incluindo Manafort - com cidadãos russos que afirmavam ter informações comprometedoras sobre Hillary.
Huckabee Sanders assegurou que o presidente não tem "intenções nem planos" de questionar o trabalho do procurador especial Mueller, mas insistiu que as investigações também deveriam se concentrar no comitê de campanha de Hillary.
"O escândalo real de conluio tem tudo a ver com a campanha de Clinton", declarou em referência a versões sobre pagamentos que pessoas próximas à candidata fizeram por informações "sujas" sobre Trump que teriam sido obtidas na Rússia.
"Há claras evidências de que eles conluiaram para disseminar desinformação e sujar o presidente. Dissemos desde o primeiro dia que não há nenhuma evidência de conluio entre Trump e a Rússia, e hoje não há nada que mude isso", assinalou. Várias fontes indicaram nesta segunda-feira que as tentativas de manipulação política por entidades ligadas a Moscou nas redes sociais durante a campanha presidencial nos EUA foram maiores do que o estimado.
Representantes de Facebook, Google e Twitter devem comparecer a comissões parlamentares, nos próximos dois dias, para relatar o que descobriram sobre conexões entre entidades russas e mensagens nas redes sociais. Segundo um testemunho preparado pelo Facebook, estes conteúdos podem ter atingido até 126 milhões de americanos.