O clima festivo e patriótico coabita com a preocupação extrema em relação à segurança. O Grande Salão do Povo, sede do PCC e do Congresso Nacional Popular, está isolado por cercas de metal. Para ter acesso à Tiananmen, é preciso passar por detectores e se submeter a uma revista de bolsas e sacolas. As autoridades também vistoriam a documentação de turistas e de chineses.
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A cada cinco anos, o PCC se reúne para traçar as diretrizes do governo. A partir de amanhã (noite de hoje, em Brasília), mais de 2.200 delegados ao 19; Congresso definirão a estrutura do Comitê Permanente do Politburo, órgão máximo do partido. Cinco dos sete integrantes anunciaram a aposentadoria, decisão que sinaliza a renovação dos quadros, sem perder o foco em um ;socialismo com características chinesas;. Um dos principais jornais de Pequim ressaltou na primeira página a importância do evento e destacou que um sistema pluripartidário provocaria divisões na sociedade.
Comando
No último congresso, em 2012, os delegados priorizaram a governança transparente, o crescimento inovador, o desenvolvimento verde e a confiança nacional. A ordem, agora, é manter o foco no bem-estar social, sem perder de vista os ganhos obtidos com as reformas dos últimos 40 anos, além de apostar no desenvolvimento sustentável e estabelecer conceitos de progresso.
Os delegados devem manter no comando o presidente Xi Jinping e o primeiro-ministro Li Keqiang. O evento também será a oportunidade de Xi, secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista, reafirmar-se como força política e manter a direção do Estado por mais cinco anos. Xi goza de grande prestígio por ter investido em uma diplomacia mais atuante, na participação ativa em mecanismos multilaterais e na Iniciativa One Belt and One Road, estratégia que busca ligar a China a mercados ocidentais, por meio milenar da Rota da Seda. Os investimentos de Pequim chegam a US$ 150 bilhões anuais em países signatários do pacto, que contribuiu para alavancar a economia da província sulista de Guangdong, responsável por 10% do Produto Interno Bruto (PIB) chinês.
;É muito possível que os líderes saibam o que acontecerá durante o 19; Congresso do PCC, pois esses eventos seguem um roteiro. Mas é muito difícil que alguém faça mais do que adivinhar o que ocorrerá;, afirma ao Correio Jeff Wasserstrom, historiador da Universidade da Califórnia (Irvine) e especialista em China. Ele explica que o principal interesse será ver quantos líderes Xi conseguirá colocar no Comitê Permanente do Politburo, além de analisar como a contribuição do presidente à ideologia do partido será colocada à mesa. ;O que estarei observando, depois do encontro, será até que ponto o controle sobre a mídia e a expressão serão afrouxados novamente.;
Sucessão
Wasserstrom acredita que o 19; congresso será sumariamente importante. ;Ele nos dirá quão longe Xi foi em aglutinar muitas camadas de poder em suas mãos e quais dos aliados mais próximos se perderam;, comenta. O nome de Hu Chunhua, 54 anos, chefe da província de Guangdong, desponta como um dos favoritos para ascender ao Comitê Permanente do Politburo e suceder Xi. ;Hu trabalhou por mais de cinco anos em nossa província e obteve muitos êxitos. Guangdong é uma miniatura do desenvolvimento econômico da China;, comentou Luo Jun, vice-diretor geral do Escritório de Assuntos Exteriores de Guangdong. Luo prefere não opinar sobre o favoritismo do ;pequeno Hu;, um homem que contribuiu para que a província experimentasse crescimento econômico 2,5 pontos percentuais acima do índice nacional. Além dele, os nomes de Li Zhansu, 67, vice-diretor do Escritório Geral do Comitê Central do PCC e ajudante pessoal de Xi; Wang Huning, 61, diretor do Escritório Central de Pesquisa Política; e Chen Min;er, 56, político de confiança do presidente também são apontados para o Comitê Permanente.
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O repórter viajou a convite da Embaixada da China