Bruxelas, Bélgica -Diante de um "impasse preocupante" sobre a questão da conta a ser paga pelo Reino Unido para deixar a União Europeia, o negociador chefe do bloco, Michel Barnier, estimou nesta quinta-feira (12) que "avanços decisivos" são possíveis nos próximos dois meses.
"Continuo convencido de que, com vontade política, avanços decisivos estão ao nosso alcance nos próximos dois meses", disse Barnier em uma coletiva de imprensa em Bruxelas após três dias de negociações com os britânicos sobre as condições do divórcio entre Londres e a União Europeia.
A quinta rodada de negociações ainda não progrediu significativamente, reconheceu o ex-ministro francês.
"Esta semana, trabalhamos em um espírito construtivo, esclarecemos alguns pontos, mas não fizemos nenhum passo importante", afirmou.
Como resultado, Michel Barnier já anunciou que "não estaria em posição" de recomendar aos líderes dos restantes 27 países que avancem para a próxima fase de discussões, durante a próxima cúpula europeia de 19 e 20 de outubro.
Esta nova etapa, sobre a futura relação entre as duas partes, é reclamada impacientemente pelo Reino Unido. Neste sentido, o ministro britânico encarregado pelo Brexit, David Davis, exortou os líderes dos 27, apesar das declarações de sua contraparte europeia, a se engajarem nesse sentido.
- ;Passo em frente; -
"Enquanto os olhares se voltam para a cúpula europeia de outubro, espero que os Estados-membros reconheçam os progressos que fizemos e deem um passo em frente" para abrir as discussões sobre a natureza da futura parceria entre Londres e a UE, disse Davis.
"Estaremos prontos e esperamos que isso aconteça o mais rápido possível", respondeu Barnier.
Mas esse avanço só acontecerá "quando superarmos a primeira etapa, que não tem nada a ver com o relacionamento futuro", acrescentou, referindo-se ao desejo de finalizar uma "retirada ordenada".
A UE exige, antes de qualquer discussão aprofundada, "progressos suficientes" em três questões prioritárias: a liquidação financeira do divórcio, o destino dos expatriados e as consequências do Brexit para a Irlanda.
Os líderes europeus multiplicaram nas últimas semanas declarações sugerindo que o calendário idealmente previsto poderia não ser cumprido.
Na terça-feira, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que esperava ser capaz de fazê-lo em dezembro na próxima cúpula.
Há, no entanto, uma nuance. "Se constatarmos que as discussões continuam a um ritmo lento e que um progresso suficiente não foi alcançado, então, com nossos amigos britânicos, teremos que repensar a direção que estamos indo", disse Tusk, que preside a instância composta pelos chefes de Estado e de Governo da União Europeia.
A questão financeira, ou seja, o pagamento pelo Reino Unido de seus compromissos como membro da UE antes de sua saída do bloco em março de 2019, revelou-se particularmente problemática durante a quinta rodada de discussões que terminou nesta quinta-feira, de acordo com Michel Barnier.
"Estamos com esta questão em um impasse que é extremamente preocupante", explicou ele, afirmando que "não há concessões de nenhum dos lados nesta questão".