A Colômbia seguirá adiante com sua estratégia de combate aos cultivos ilegais, apesar de um protesto de camponeses ;cocaleros; (plantadores de coca), que deixou seis mortos e 19 feridos em uma região fronteiriça com o Equador, onde se concentra a maior quantidade destes plantios.
[SAIBAMAIS]Nesta sexta-feira (6/10), o presidente Juan Manuel Santos disse que embora sua "prioridade" seja investigar os fatos que envolvem supostamente a força pública, não esmorecerá no empenho de que a Colômbia deixe de ser o maior produtor e exportador mundial de cocaína.
O Exército e a Polícia culpam pela violência guerrilheiros dissidentes das Farc que se afastaram do processo de paz, enquanto as comunidades camponesas denunciam que forças oficiais abriram fogo na quinta-feira contra manifestantes contrários à erradicação forçada dos cultivos.
A princípio, as autoridades anunciaram quatro mortos e 14 feridos, mas segundo Santos, no episódio confuso "há seis mortos e cerca de 19 feridos".
Ao lamentar e condenar o ocorrido, Santos ratificou que o governo prosseguirá com a estratégia contra as drogas, que combina acordos de substituição voluntária com a erradicação forçada de cultivos.
"Não vamos permitir que nenhuma organização criminosa frustre uma política que deve ser uma política bem sucedida (...), recuperar a legalidade em todo o território nacional e substituir os cultivos de coca por cultivos lícitos", expressou o presidente em declaração à imprensa na casa de governo.
Pressionado pelos Estados Unidos, o governo Santos planeja acabar este ano com 100.000 hectares de cultivos ilegais. Entre 2015 e 2016 os cultivos dispararam 52% em todo o país até somar 146.000 hectares, e a produção de cocaína passou de 646 a 866 toneladas de cocaína, segundo a ONU.
Camponeses ;cocaleros; em vários pontos do país se opõem à eliminação dos narco-cultivos por considerarem insuficientes as ajudas econômicas que o governo oferece em troca de que semeiem produtos lícitos.
Há vários dias, comunidades de Tumaco, no departamento (estado) de Nariño, limítrofe com o Equador, se manifestam contra os planos de erradicação. Na quinta-feira, o protesto recrudesceu e resultou na morte dos camponeses.
As juntas comunais reunidas na organização comunitária Asominuma denunciaram em um comunicado que policiais e militares atiraram indiscriminadamente nos manifestantes, e negaram a versão oficial, segundo a qual os militares foram agredidos com cilindros bomba e rajadas de fuzil.
No entanto, o general do exército Luis Fernando Rojas assegurou à rádio que os manifestantes cercaram as autoridades por pressão de um grupo "residual" de guerrilheiros a mando de um homem identificado como "Guacho".