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Alemanha expressa consenso com a França antes de jantar sobre futuro da UE

O chefe de Estado francês será o primeiro a falar diante dos colegas. No entanto, a primeira pessoa a ouvi-lo será a influente chefe do governo alemão, Angela Merkel

A chanceler alemã, Angela Merkel, garantiu nesta quinta-feira que existe "um grande consenso" entre a Alemanha e a França sobre o futuro da Europa, antes de um jantar dedicado ao futuro de um bloco que se prepara para se divorciar do Reino Unido.

"Naturalmente devemos discutir todos os detalhes, mas estou convencida de que a Europa não pode parar aqui", declarou Merkel, antes de se reunir com o presidente francês, Emmanuel Macron.

[SAIBAMAIS]"O centro do jantar será o discurso de Macron" de terça-feira (26/9) em Paris, onde propôs uma convergência fiscal e social, uma força militar comum e uma Europa a várias velocidades, indicou um funcionário europeu, que pediu anonimato. "Ele roubou o protagonismo", acrescentou.

O chefe de Estado francês será o primeiro a falar diante dos colegas. No entanto, a primeira pessoa a ouvi-lo será a influente chefe do governo alemão, Angela Merkel.

Embora o menu do jantar seja o futuro de uma UE sem o Reino Unido, cuja saída será concretizada em março de 2019, a primeira-ministra britânica Theresa May estará presente, mas não o espanhol Mariano Rajoy, que preferiu não viajar em razão da situação na Catalunha.

;Franco e informal;


Os líderes têm carta branca para abordar quaisquer assuntos durante este jantar de três horas no Palácio de Kadriorg de Tallinn, antiga residência de verão dos czares russos, e cujo objetivo é manter um "diálogo aberto, franco e informal", de acordo com a carta de convite do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

"Há todos os ingredientes para uma discussão real", declarou o porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, que celebrou "as propostas visionárias e detalhadas" do chefe de Estado francês, de 39 anos.

Entre as suas muitas propostas, estão a criação de um governo econômico da zona do euro, com ministro, parlamento e orçamento próprios, bem como uma força de intervenção europeia a partir de 2020.

Na UE, espera-se especialmente a posição de Merkel, embora o resultado das eleições alemãs possa minimizar uma posição mais pró-europeia, uma vez que foi forçada a formar um governo com os liberais, que se opõem aos planos de Paris para a Eurozona.

As propostas de Macron também estão alinhadas com a visão do chefe do Executivo da comunidade, Jean-Claude Juncker, exceto a ideia de uma Europa com "várias velocidades" de integração.

Em seu discurso sobre o Estado da União, o luxemburguês defendeu no início de setembro um bloco cada vez mais unido.

Brexit fora de discussão


Após uma quarta rodada de negociações sobre o Brexit, que não conduziu a um progresso suficiente para avançar para uma nova etapa de discussões, de acordo com o negociador europeu Michel Barnier, a saída do Reino Unido pode ficar de fora do menu.

Depois de se encontrar com May, Tusk, que coordena o trabalho dos líderes europeus, indicou que ainda era cedo para começar a discutir as futuras relações entre os dois lados do Canal da Mancha. Barnier ressaltou nesta quinta-feira que isso pode ocorrer em "várias semanas ou meses".

A presença dos líderes europeus nesta capital do Báltico acontece um dia depois de uma cúpula digital, uma área que a presidência pró-tempore do bloco exercida pela Estônia tornou sua principal prioridade.

E, sobre a mesa, haverá novamente uma proposta liderada pela França, com o apoio de outros nove países como Alemanha, Espanha e Itália, para tributar gigantes da internet como o Facebook com base em seu volume de negócios em cada país, em vez de calcular o imposto com base em seus benefícios.

Os impostos sobre as multinacionais estão no cerne do debate no mercado único europeu. Alguns países denunciam que empresas como Amazon, Apple ou Facebook evitam pagar impostos instalando-se em países da UE com baixos regimes fiscais, como a Irlanda ou o Luxemburgo.