A Liga Árabe pediu aos iraquianos que renunciem suas diferenças e iniciem um diálogo abrangente para evitar confrontos após o polêmico plebiscito de independência do Curdistão iraquiano realizado na segunda-feira.
O chefe da organização pan-árabe do Cairo, Ahmed Aboul-Gheit, disse, em uma declaração, que "ainda é possível conter as repercussões deste passo caso todas as partes envolvidas exerçam sabedoria e responsabilidade e conduzam as negociações dentro dos parâmetros do Estado iraquiano". Os interesses do Iraque, acrescentou, "serão melhor servidos no âmbito de um Iraque unificado, federal e democrático".
Embora o plebiscito não seja vinculativo e não se espera que leve imediatamente à independência da região, ele abalou o Oriente Médio, provocando condenações dos vizinhos do Iraque, bem como dos Estados Unidos e da Organização das Nações Unida (ONU).
[SAIBAMAIS]De acordo com a agência de notícias iraniana ISNA, o ministro de Defesa do Irã, general Amir Hatami, expressou preocupação com as implicações de segurança da votação curda. "O Irã se opõe a qualquer ação que leve a uma mudança" nas divisões geográficas dos países da região, disse o general. O país persa está entre os vários que se opõem ao plebiscito. Em junho, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que os defensores da independência curda são "opositores da independência e da entidade" do Iraque.
O Egito também demonstrou preocupações com a possível consequência "negativa" do plebiscito. O Ministério de Relações Exteriores do país emitiu uma declaração em que firma que o país "exorta todas as partes a não tomar medidas unilaterais que possam complicar ainda mais a situação". O Ministério também pediu um "diálogo construtivo" a fim de alcançar uma solução abrangente sobre questões de conflito entre Irbil e Bagdá.
Enquanto países demonstravam preocupações, o Iraque e a Turquia realizavam exercícios militares conjuntos na fronteira turca com a região curda semiautônoma do Iraque. Um grupo de cerca de 30 tropas iraquianas chegou à região da fronteira a fim de se juntar às manobras militares turcas em curso que foram lançadas na semana passada, em uma advertência simbólica ao plebiscito dos curdos iraquianos.
Os exercícios conjuntos são realizados um ano depois que Ancara e Bagdá estavam em desacordo com a presença de tropas turcas no Iraque. A Turquia, que tem uma grande população curda, luta contra insurgentes curdos em seu território e, por isso, se opõe ao plebiscito de independência do Curdistão iraquiano. Nesta terça-feira, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que todas as opções de ação militar contra a região estão sobre a mesa.