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Novos escândalos sacodem o pontificado de Francisco

Para alguns vaticanistas se trata de uma campanha planejada pelos setores ultraconservadores para "enfraquecer" Francisco por seus "erros teológicos" como chefe da Igreja

Heresias de Francisco

Além da saída do alto funcionário, há a acusação ao papa de "propagar heresias", por parte de meia centena de sacerdotes, teólogos e acadêmicos ultraconservadores.

Em uma carta divulgada também no domingo e assinada, entre outros, pelo bispo lefebvriano ultraconservador Bernard Fellay e pelo banqueiro Ettote Gotti Tedeschi, ex-presidente do IOR, o banco do Vaticano, Francisco é acusado de "sete posturas heréticas" sobre o casamento, a moral e, principalmente, a concessão da comunhão a divorciados que voltem a se casar.

Nenhum cardeal aparece entre os signatários. Em comparação, quatro cardeais, dois deles recentemente falecidos, assinaram a carta divulgada após a publicação, em 2016, da exortação "Amoris Laetitia", na que pediam que o papa se "corrigisse" por estar desviando seu rebanho.

"Esta vez se trata de um grupo pequeno e pouco significativo, de só 62 pessoas, em que não há nenhum cardeal e há apenas um bispo aposentado", comentou à AFP o vaticanista Iacopo Scaramuzzi.

Francisco, tachado na missiva de "modernista" e de elogiar Martin Lutero, guarda um silêncio eloquente.

"Parece que estamos voltando aos debates do final do século XIX entre modernistas e fundamentalistas. Enquanto Francisco não é um modernista, eles sim são fundamentalistas, inamovíveis", resume Scaramuzzi.