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Três igrejas atacadas na zona mapuche do sul do Chile

Os quatro indígenas acusados e presos preventivamente completam 103 dias de greve de fome, e médicos pediram às autoridades chilenas que tomem medidas para evitar a morte dos réus

Agência France-Presse
postado em 20/09/2017 14:37

Duas igrejas católicas foram queimadas e um templo evangélico foi vandalizado em ataques simultâneos ocorridos na madrugada desta quarta-feira na região de Araucanía, no sul do Chile, onde vive grande parte das comunidades mapuches.

[SAIBAMAIS]Autoridades informaram que nos locais atacados foram encontrados panfletos protestando contra os julgamento de indígenas mapuches acusados por um ataque incendiário anterior contra outro templo religioso e o assassinato de um casal de idosos ao queimar a casa em que moravam.

Os quatro indígenas acusados e presos preventivamente completam nesta quarta-feira (20/9) 103 dias de greve de fome, e médicos pediram às autoridades chilenas que tomem medidas para evitar a morte dos réus.

Nos últimos quatro anos, o sul do Chile vive um conflito com os indígenas mapuche, que se sentem como filhos "bastardos" em um país que não reconhece seus direitos.

Ataques a igrejas e equipamentos florestais são geralmente reivindicados pelo "Weichan Auka Mapu", ou "Luta do território rebelde", um novo grupo mapuche radical.

Enquanto os grupos empresariais falam de "terrorismo" - 209 caminhões foram queimados na zona desde 2013 -, os mapuches reivindicam a restituição de terras que consideram suas por direitos ancestrais, e que hoje estão nas mãos de empresas florestais.

Os empresários, por sua vez, pedem a intervenção do governo para mediar este conflito centenário sob pena de convocar uma greve nacional.

Os mapuches, "gente da terra" em sua língua nativa, foram os primeiros habitantes do Chile e de parte da Argentina. Lutaram contra os conquistadores espanhóis até que, no final do século XIX, foram submetidos pelo Exército chileno à chamada "pacificação de Araucanía".

Reduzidos a 700.000 pessoas, dos 17 milhões de habitantes do Chile, em sua maioria moram em pequenas comunidades nas regiões da Araucanía e Los Ríos, a 600 quilômetros ao sul de Santiago.

Há dois meses, ao apresentar um plano integral para a região da Araucanía, a presidente Michelle Bachelet reconheceu que o país "falhou" com povo mapuche e pediu perdão "pelos erros e horrores" cometidos, em uma tentativa de começar a saldar uma velha dívida com a maior etnia chilena.

O plano inclui a criação de um Ministério de Povos Indígenas e de um Conselho de Povos Indígenas, além de oficializar o uso do mapudungún, a língua mapuche, na região da Araucanía, assim como estabelecer o 24 de junho o Dia Nacional dos Povos Originários.

Em relação à restituição de terras, um comitê interministerial atualizará o cadastro e águas indígenas. Nos últimos 25 anos foram comprados, subsidiados ou regularizados quase 230.000 hectares de terras ao povo mapuche.

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