Segundo um relatório da Human Rights Watch (HRW) publicado nesta sexta-feira confirma o elaborado pela Anistia Internacional, 62 povoados foram incendiados de maneira intencional pelo exército de Mianmar. "Nossa investigação no terreno confirma o que indicam as imagens via satélite: o exército de Mianmar é diretamente responsável pelo incêndio em grande escala dos povoados rohingyas no norte do estado de Rakain", declarou Phil Robertson, diretor-adjunto da HRW para a Ásia.
;O pior dos cenários;
A comunidade internacional deve se preparar para o "pior dos cenários", advertiu na quinta-feira um funcionário da ONU. A minoria muçulmana somaria cerca de um milhão de membros. Entre 10.000 e 20.000 cruzariam diariamente a fronteira. Nesses últimos anos as ondas de violência foram frequentes, mas nunca chegaram a essas proporções. Tratados como estrangeiros em Mianmar, os rohingyas representam a maior comunidade apátrida do mundo.
Desde que perderam a nacionalidade de Mianmar, em 1982, os rohingyas são objeto de numerosas restrições: não podem viajar ou casar sem autorização, não têm acesso ao mercado de trabalho, a escolas nem a hospitais. "A perseguição contra esta minoria muçulmana é inaceitável", disse na quinta-feira o secretário de Estado americano Rex Tillerson. "Esta perseguição deve cessar, o que muitos descreveram como limpeza étnica deve cessar". A dirigente do país, Aung San Suu Kyi, no poder desde abril de 2016 depois das primeiras eleições livres em 20 anos, concentra as críticas da comunidade internacional.
Ela prometeu quebrar o silêncio na próxima terça-feira, para quando se prevê um grande discurso. Um exercício perigoso para este ícone da democracia, que personificou a esperança de todo um povo sufocado por mais de 50 anos por uma ditadura militar.
A prêmio Nobel da Paz deve compor com o exército, todo poderoso nesta região do oeste de Mianmar e continua sendo politicamente inevitável já que controla um quarto das cadeiras do Parlamento com deputados designados e não eleitos nas urnas. As Forças Armadas dirigem além dos três ministérios centrais: Defesa, Fronteiras e Interior.