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Até 400 mil membros de minoria muçulmana fugiram da violência em Mianmar

Parlamentares da União Europeia, por sua vez, exigiram que as forças de segurança de Mianmar interrompam a violência contra os rohingya, enquanto milhares deles continuam a fugir nesta quinta-feira (14/9)


Grupo insurgente rohingya cujos ataques de 25 de agosto contra postos da polícia geraram as semanas de violência e retaliação dos militares de Mianmar, o Exército de Salvação Arakan Rohingya (ARSA) nega qualquer vínculo com o extremismo islâmico ou com grupos terroristas internacionais e diz que não quer se envolver nesse conflito. O ARSA afirmou em comunicado desejar que os países ajudem a evitar que combatentes estrangeiros entrem no Estado de Rakhine, em Mianmar.

O comunicado dos insurgentes foi uma aparente resposta a relatos de que a Al-Qaeda estaria pedindo a militantes muçulmanos de todo o mundo que apoiem o ARSA ou se unam à luta do grupo. O governo de Mianmar descreve o ARSA como "terroristas extremistas", mas não divulgou publicamente evidências de seus supostos vínculos com grupos de fora do país. O líder do ARSA, Ata Ullah, teria nascido no Paquistão e foi educado na Arábia Saudita. O ARSA sustenta que luta para proteger os muçulmanos rohingya da perseguição da maioria budista do país.

Também nesta quinta-feira, a polícia de Bangladesh informou que mais um barco com 40 mulheres e crianças da minoria que fugiam de Mianmar naufragou no rio Naf. Pelo menos duas pessoas morreram, enquanto as demais conseguiram nadar até a costa de Bangladesh. A polícia já recuperou no total 88 corpos do rio que divide os dois países.

Cenas de pânico foram vistas nesta quinta-feira em rodovias onde voluntários locais distribuíam água, alimentos e outros suprimentos para os refugiados na região. "Há uma falta grave de tudo, mas especialmente de abrigo, alimento e água limpa", disse Edouard Beigbeder, representante do Unicef.