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Cerca de 87 mil refugiados rohingyas chegaram a Bangladesh em dez dias

Um agente bengalês de fronteira disse à AFP que a chegada em massa de pessoas desesperadas tornou impossível deter o fluxo


Desde então, o Exército lançou uma grande operação nessa região pobre e remota do oeste de Mianmar. O governo acusa os ativistas, os quais descreve como "terroristas bengaleses", de incendiarem as casas dos rohingyas e de outras comunidades.

Aung San Suu Kyi, líder de facto do governo birmanês, ex-presa política da junta local, é cada vez mais criticada por mostrar pouca disposição a falar sobre o tratamento aos rohingyas, ou de repreender os militares. Desde a explosão do último episódio de violência, ela não se pronunciou.

"Nos últimos anos, condenei repetidas vezes o trágico, vergonhoso tratamento aos rohingyas", tuitou a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, Prêmio Nobel da Paz, assim como Aung San Suu Kyi. "Continuo esperando que minha premiada companheira Aung San Suu Kyi faça o mesmo", acrescentou.

Nesta segunda-feira (4/9), O ministro das Relações Exteriores da Indonésia, Retno Marsudi, reuniu-se em Naypyidaw com o chefe das Forças Armadas birmanesas, general Min Aung Hlaing, na tentativa de pressionar o governo para que faça mais para aliviar a crise.

Desde 2012, o estado de Rakain é palco de violência religiosa. Muitos rohingyas foram assassinados, e milhares de pessoas - grande parte da minoria muçulmana - se viram obrigadas a fugir para acampamentos de refugiados. A atual onda de violência é a mais grave já registrada. De acordo com as Forças Armadas birmanesas, quase 400 pessoas morreram nos últimos dez dias. Destes, pelo menos 370 são militantes rohingyas.

Budistas do estado de Rakain e outros grupos tribais também estão entre mortos e deslocados, perseguidos - segundo as denúncias - por ativistas rohingyas. Mais de 400 mil rohingyas já se encontram em Bangladesh, um país de maioria muçulmana que já deixou claro que não quer acolher mais refugiados.