Os corpos de duas mulheres e duas crianças rohingyas foram encontrados nesta quarta-feira no rio do lado de Bangladesh, segundo informou à AFP um oficial. Muitos refugiados tentam atravessar o rio que separa os dois países em embarcações precárias ou a nado. Mais de 400 mil refugiados rohingyas já estão em Bangladesh após fugirem das violências anteriores.
Risco de radicalização
Os rohingyas são considerados estrangeiros em Mianmar, um país com 90% da população budista, e são apátridas, apesar da presença de algumas famílias há algumas gerações no país. Eles não têm acesso ao mercado de trabalho, às escolas nem aos hospitais. Nos últimos anos, o auge do nacionalismo budista exacerbou a hostilidade contra o grupo, com vários confrontos que deixaram mortos.
Raramente os rohingyas recorreram à luta armada, mas a situação mudou drasticamente em outubro passado quando um grupo de rebeldes armado com facas lançou ataques surpresas contra postos de fronteira. O Exército birmanês reagiu violentamente, iniciando uma campanha de repressão que, segundo a ONU, poderia ser considerada uma limpeza étnica.
Recentemente, uma comissão internacional liderada pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan cobrou de Mianmar mais direitos à minoria muçulmana, que conta com cerca de um milhão de pessoas, sob o risco de "se radicalizar". Mas o governo, liderado pela ex-dissidente Aung San Suu Kyi, tem adotado uma linha dura.
A Prêmio Nobel da Paz acusou na segunda-feira os "terroristas" rohingyas que realizam os ataques no oeste do país de utilizar crianças soldados e incendiar os vilarejos. A pressão internacional tem aumentado sobre o governo. No domingo, o papa expressou sua solidariedade e pediu respeito aos direitos dos "nossos irmãos rohingyas". Já a ONU pediu proteção aos civis.