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Chefe de Governo espanhol declara seu amor por uma Barcelona enlutada

Depois dos ataques que deixaram 15 mortos em Barcelona e Cambrils, Rajoy usou nesta sexta um tom incomumente caloroso com a Catalunha, pedindo unidade a todos diante da ameaça extremista

Em pleno conflito com os separatistas catalães, o chefe de Governo espanhol, Mariano Rajoy, pediu nesta sexta-feira (25/8) que os espanhóis participem em massa da manifestação de sábado, em Barcelona, para expressar seu amor por uma Catalunha enlutada pelos atentados terroristas da semana passada.

[SAIBAMAIS]Depois dos ataques que deixaram 15 mortos em Barcelona e Cambrils, Rajoy usou nesta sexta um tom incomumente caloroso com a Catalunha, pedindo unidade a todos diante da ameaça extremista.

Em coletiva após o conselho de ministros estimulou "todos a participar da manifestação de amanhã [sábado] em Barcelona".

"Lá, com toda a sociedade catalã e toda a Espanha [...], voltaremos a passar uma mensagem clara de unidade, de repulsa ao terrorismo e de amor à cidade de Barcelona", acrescentou Rajoy, que estará na marcha junto com o rei Felipe VI, o presidente regional catalão, Carles Puigdemont, a prefeita de Barcelona, Ada Colau, e muitos outros dirigentes políticos.

Será a primeira vez que um monarca participa de uma manifestação na Espanha, gesto com o qual o rei Felipe "vai expressar o seu carinho pelos cidadãos de Barcelona, Cambrils e da Catalunha", explicou o chefe de Governo.

Rajoy mantém uma tensa relação com o governo nacionalista catalão, decidido a convocar em 1; de outubro um referendo de autodeterminação, que segundo Madri é ilegal e não acontecerá.

O presidente do governo espanhol chegou a arremeter contra os "delírios autoritários" dos separatistas, em maioria no Parlamento catalão.

Puigdemont acusou o governo espanhol de "usar a segurança com fins políticos", já que, segundo ele, bloqueou a contratação de agentes adicionais da polícia na Catalunha.

O dirigente catalão reiterou a sua vontade de celebrar a consulta prometida. "Temos mais de 6.000 urnas prontas. Não vejo como o Estado poderia impedir", disse Puigdemont em entrevista ao Financial Times nesta sexta.

Precisamente, a investigação dos ataques se viu manchada pelo caráter político entre Madri e Barcelona.

A atuação da polícia catalã, Mossos d;Esquadra, recebeu elogios por sua rapidez, embora críticos de sindicatos da polícia e Guarda Civil tenham a acusado de excluí-los das investigações por motivos políticos.

Nesta sexta-feira Rajoy quis acalmar os ânimos, reconhecendo o "enorme trabalho" da Mossos e destacando que graças a isso, junto com outros corpos policiais, "o núcleo básico da célula" ficou "completamente desarticulado em apenas 100 horas".

Manifestação histórica


Enquanto isso, em Barcelona, continuavam os preparativos para a manifestação de sábado, que segunda a prefeita contará com "muitas pessoas".

A marcha partirá às 18h00 locais (13h00 de Brasília) do Passeig de Gràcia, e terminará na Praça da Catalunha, próximo a Las Ramblas.

A manifestação terá somente um cartaz à frente, com o lema "No tinc por" ("Não tenho medo", em catalão).

Ela será liderada por representantes de coletivos que desde o início ajudaram as vítimas: forças de segurança, serviços de emergência, vizinhos e comerciantes, taxistas que transportaram feridos, entre outros. E isso será para "agradecer do fundo de nosso coração este serviço", disse nesta sexta Ada Colau.

Atrás deles marcharão o rei e outros representantes políticos.

Na Praça da Catalunha terminará com a leitura de dois textos por duas atrizes, e uma interpretação, a cargo de dois violoncelistas, da "El cant dels ocells" ("O canto dos pássaros"), canção tradicional catalã que o músico Pau Casals popularizou como um hino pacifista.