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Manifestações após condenação de guru por estupro matam 22 pessoas na Índia

Na véspera do veredicto, as autoridades indianas reforçaram a segurança na região, mobilizando 15.000 efetivos por causa da afluência dos manifestantes fieis ao religioso


Ostentação
Com seu gosto por roupas chamativas e muitas jóias, o chefe espiritual de 50 anos lidera a seita Dera Sacha Sauda. Em 2002, o ex-primeiro-ministro indiano Atal Biahri Vajpayee recebeu uma correspondência anônima na qual uma mulher acusava o guru de tê-la estuprado e a outra adepta da seita. O órgão de investigação central precisou de anos para encontrar as supostas vítimas, que só apresentaram queixa em 2007. Não é a primeira vez que Gurmeet Ram Rahim Singh protagoniza uma polêmica.

Em 2015, foi acusado de ter incentivado 400 de seus discípulos a se castrar para ficar mais próximo dos deuses. Além disso, foi processado em uma investigação do assassinato de um jornalista em 2002. Os seguidores concentrados em Panchkula manifestaram seu apoio ao guru e alguns elogiavam seu apoio na superação de problemas pessoais, como o alcoolismo.

"Fiz parte do movimento Dera Sacha Sauda durante duas décadas e, em todo esse tempo, não bebi nem uma gota", comentou Gajendere Singh, 60 anos. As atividades de Gurmeet Ram Rahim Singh enfureceu inúmeros chefes religiosos da Índia, principalmente os sikhs, que consideravam que o guru insultava e denegria a fé.

No estado de Penjab (leste), de maioria sikh, foram organizadas manifestações em 2015 por ocasião da aparição do guru em um filme chamado "MSG: o mensageiro de deus", onde ele era mostrado fazendo milagres e pregando ante milhares de fiéis. Gurmeet Ram Rahim Singh se dirigiu ao tribunal vindo de sua cidade natal em um imponente comboio de mais de 100 veículos, segundo a imprensa local. Imagens da televisão mostraram milhares de fiéis nas ruas, a maioria deles chorando descontrolados.