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Ex-primeira-ministra da Tailândia foge do país para evitar a prisão

As acusações contra a ex-chefe de Governo, derrubada por um golpe de Estado militar em maio de 2014, podem resultar em uma pena de até 10 anos de prisão e a perda dos direitos políticos por toda sua vida


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No início de agosto, Yingluck denunciou um processo "político" dirigido pela junta, que acusou de querer limpar o cenário político da influência dos Shinawatra, família que venceu todas as eleições nacionais desde 2001. Os simpatizantes de Yingluck denunciam uma perseguição a seus partidários, agricultores e pobres, pela elite da capital e pelos militares que tomaram o poder.

Todos denunciaram a brecha aberta na sociedade tailandesa entre os simpatizantes dos Shinawatra, produtores de arroz na zona rural do país e pobres em sua maioria, e elite da capital, incluindo os generais que tomaram o poder. O processo tem uma forte dimensão simbólica em um país profundamente dividido entre os partidários e os detratores da família Shinawatra, que usam camisas vermelhas ou camisas amarelas para uma distinção.

A ex-primeira-ministra foi julgada por negligência na adoção de um programa de subsídio de arroz. O programa contemplava a compra de arroz dos produtores nas zonas rurais, base eleitoral dos Shinawatra, a um preço superior ao de mercado. Mas Yingluck alega que esta foi uma ajuda necessária para os mais pobres, que historicamente recebem pouco apoio do governo. O exílio de Yingluck, assim como o de seu irmão Thaksin, marca o fim de mais de 10 anos de domínio político por parte da família Shinawatra.

"É o fim dos Shinawatra e do partido Puea Thai na política. Com dois membros da família em fuga, a família perdeu sua legitimidade política", disse a cientista política Puangthong Pawakapan. E a junta militar, que prometeu eleições em 2018, tem tudo para tirar proveito da deserção, ao invés de se ver obrigada a lidar com uma eventual transformação de Yingluck em um símbolo democrático caso ela fosse detida.