Hillary Clinton aborda seu fracasso nas eleições presidenciais de 2016 em um livro que será lançado em setembro e no qual não oculta o desprezo pelo homem que a derrotou, Donald Trump.
Intitulado "What Happened", o livro sairá à venda no dia 12 de setembro, nos Estados Unidos.
[SAIBAMAIS]As primeiras páginas foram reveladas nesta quarta-feira pela cadeia MSNBC e confirmam a vontade da ex-candidata democrata de atacar seu ex-adversário por seu machismo e conduta indigna.
Ela conta um famoso episódio da campanha que transcorreu ante 66 milhões de telespectadores em St. Louis (Missouri), em outubro de 2016, durante o segundo debate entre os candidatos.
Os dois se encontravam em um palco para responder as perguntas. Quando Hillary tomou da palavra, Trump se aproximou e ficou por trás da democrata enquanto ela falava.
"Estávamos em um palco pequeno e não importa para onde eu caminhasse, ele me seguia de perto, me encarando, fazendo caretas. Era incrivelmente desconfortável", escreve Clinton no livro "What Happened", que será lançado em 12 de setembro nos Estados Unidos, e do qual a emissora MSNBC publicou dois trechos curtos.
"Minha pele se arrepiou", admitiu, descrevendo a situação.
"Bem, o que você faria? Ficaria calma, continuaria sorrindo e prosseguiria como se ele não estivesse, repetidamente, invadindo seu espaço? Ou você viraria, observaria ele nos olhos e afirmaria de maneira alta e clara: "Saia daqui, seu asqueroso, saia de perto de mim. Eu sei que você adora intimidar as mulheres, mas você não vai me intimidar, então pode sair", escreveu, utilizando a palavra inglesa "creep" (asqueroso), que os usam para homens que assedim as mulheres na rua.
"Escolhi a primeira opção. Conservei o sangue frio, como fiz toda minha vida com os homens difíceis que tentaram me incomodar. Mas apertei mais forte o microfone. Questionei, no entanto, se não deveia ter escolhido a segunda opção. Teria criado um momento memorável na televisão. Talvez tenha me contido demais. A escolha consistia em manter a calma, em apertar os punhos, sorrir, decidida a mostrar um rosto impassível ao mundo".
Hillary admite que escrever o livro não foi fácil. Ela comenta o seu fracasso na campanha presidencial e os motivos que, acredita, a levaram a perder, principalmente pela suposta interferência russa.
Os russos
O livro, anunciado em fevereiro pela editora Simon and Schuster, foi apresentado inicialmente como uma série de relatos sobre os episódios de sua vida, mas o tema mudou aparentemente no curso de sua redação para concentrar apenas na campanha.
Em maio passado, Hillary admitiu estar afetada pela derrota e atônita ante as imagens do maganata no Salão Oval da Casa Branca.
"Assumo totalmente minha responsabilidade. A candidata era eu", declarou na ocasião.
Ela reconhece que decepcionou milhões de americanos.
"Não consegui completar o trabalho. E terei que viver com isso pelo resto da minha vida".
Mas desde a derrota, a democrata se absteve de identificar com precisão os erros que cometeu. Preferiu apontar a campanha de desinformação e pirataria atribuídas à Rússia.
Segundo ela e muitos de seus assessores, as mensagens internas publicadas pelo site WikiLeaks e a reabertura do FBI da investigação sobre seus e-mails inclinaram, em parte, os indeciso a favor de Trump.
Em junho chegou, inclusive, a insinuar que os russos coordenaram sua interferência com o magnata.