Barcelona, Espanha - As duas da madrugada, dezenas de turistas chocados vagavam pelas ruas de Barcelona tentando chegar a seus hotéis situados nas Ramblas, alvo de um ataque "terrorista" que deixou 13 mortos e mais de 100 feridos na tarde de quinta-feira.
A cerca de 100 metros da estátua de Cristóvão Colombo, próximo ao mar, um casal de escoceses - com 64 e 66 anos - observavam o famoso calçadão de Barcelona, bloqueado por um cordão de isolamento. "Não podemos chegar ao nosso hotel nas Ramblas", disse o homem vestido com uma camiseta. "Estávamos sentados em um restaurante quando ocorreu o atentado, logo abaixo: nós vimos tudo, a van (que atropelou a multidão), o pânico geral".
[SAIBAMAIS]Sua mulher, com o olhar perdido, diz que não contará mais nada do que viu: "já dissemos tudo para a polícia, chegaram em dois minutos, agiram muito bem". O ataque foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI). Na estreita rua Hospital, Benjamín, um barcelonês de 45 anos, mostra o local onde a van bateu em um quiosque: "aqui onde está a polícia científica, os caras de jaleco branco, foi onde a van bateu no quiosque".
Diante da tragédia, foi suspensa a greve no aeroporto, os taxistas transportaram turistas sem cobrar devido à interrupção no transporte público e o consórcio Turismo Barcelona disponibilizou quartos gratuitos em hotéis.
Um silêncio quase surreal invadiu as ruas do centro de Barcelona, geralmente festivas neste mês de agosto. "É um ambiente estranhamente tranquilo", disse Remy Gredin, estudante de 23 anos originário de Marselha, que acabava de jantar com amigos em um dos poucos restaurantes que permaneciam abertos na Rambla de Raval, uma artéria paralela à atacada. "Estamos esperando para poder entrar em um apartamento que alugamos nas Ramblas, o atentado ocorreu logo abaixo, mas havíamos partido uma hora antes para visitar o Parque Güell", explicou Gredin.
Dois garçons de um estabelecimento próximo comentavam o ataque. "A partir de hoje Barcelona não será a mesma. Teremos que mudar. Aqui entra qualquer um. Não é uma questão de racismo, mas de ordem", disse Juan Manuel Ruiz, um barcelonês de 43 anos.
Seu colega Marc de la Iglesia, 29, avaliou que "é preciso manter a calma, não há sentido em ficar desesperado, é preciso se unir, ajudar os que estão sofrendo...". "Não deixaremos que uma minoria acabe com nosso modo de vida, que foi forjado ao longo dos séculos", declarou o presidente da região, Carles Puigdemont, que defende um referendo para a independência da Espanha.
As autoridades pediram à população que não divulgue imagens do ataque: "por respeito às vítimas e suas famílias, por favor, não compartilhem imagens de vítimas do atropelamento".