Analistas políticos concordam que a votação marca o futuro tanto de Macri como de Kirchner. As primárias podem ser consideradas um plebiscito sobre o governo de Macri e um teste para medir a força da oposição.
"É um passo importante para confirmar tudo o que viemos fazendo. Espero que em todos lados nos expressemos a favor dessa mudança", disse Macri.
Kirchner, de 64 anos, aspira a ser senadora pela província de Buenos Aires. A ex-presidente (2007-2015) fundou neste ano um pequeno partido de centro-esquerda e se afastou do opositor Partido Justicialista (PJ, peronista) que ainda controla o Congresso. A campanha de Cristina se baseou no lema "Assim não podemos continuar".
Kirchner não votou porque seu título é de Santa Cruz, província patagônica a 2.500 km ao sul da capital.
Ela pediu a seus seguidores e fiscais de mesa que "cuidem de cada voto" e usou a rede social Twitter para desejar "boa jornada democrática" com uma foto que a retrata em frente a um computador com seu pequeno neto Néstor Iván, o filho de Máximo, sentado em seu colo.
Em sua última mensagem na quinta-feira pediu aos eleitores que lembrem "dos que perderam o trabalho ou vivem com medo de perdê-lo, dos que o salário não chega ao fim do mês, ou dos que não podem comprar comida como antes, ou pagar a luz, o gás ou a água. Esse deve ser o limite para este governo".
Macri, de 58 anos, tem um ano e meio de governo, sem conseguir os prometidos investimentos estrangeiros.
A inflação disparou em 2016 e nos primeiros sete meses de este ano acumula 13,9%, o desemprego cresceu, assim como a pobreza, e a economia estagnou.
Enquanto isso, bancos, mineradoras e produtores de soja admitem lucros multimilionários. Macri defende, por outro lado, ter eliminado o controle cambial que Kirchner (2007-2015) estabeleceu em seu mandato.
O presidente, que será testado pela primeira vez nas urnas, se pronunciou ao final da campanha: "Nunca mais ouviremos aqueles que governaram tantos anos", a quem chama de "populistas".
O sociólogo e consultor Rosendo Fraga disse à AFP que, após a recontagem, "se dirá que o Cambiemos (aliança governista) é a força nacional mais votada, com uma porcentagem que pode ser de cerca de 30%. A dispersão do opositor peronismo fará que Cristina seja a segunda, com 15%".
Disputa entre dois modelos
"Macri busca acumular forças para assegurar governabilidade e a oposição um sinal ao governo de está fazendo as coisas mal", sintetizou à AFP o sociólogo e consultor Ricardo Rouvier.
O modelo de Kirchner era industrialista, com forte presença do Estado na economia real, a pesquisa científica e os direitos humanos. Mas seu controle sobre o dólar ganhou a antipatia da influente classe média.
Macri, pelo contrário, Macri formou um gabinete de empresários, abriu a economia, desregularizou o setor financeiro, reduziu os impostos ao agronegócio e voltou a se endividar por milhões de dólares para financiar o Estado, uma ferramenta que o kirchnerismo tinha abandonado.
O macrismo acusa Cristina Kirchner de corrupção. Macri, no entanto, também esteve envolvido no escândalo do Panama Papers por ter sociedades offshore.
A troca de acusações por corrupção contra figuras kirchneristas e algumas do atual governo são moeda corrente na Argentina de hoje.
Em outubro, os argentinos renovarão a metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado. Até agora em minoria, Macri fechou alianças legislativas com peronistas afastados de Kirchner.