Hagatna, Estados Unidos - O governador de Guam assegurou nesta quinta-feira (10/9) que este território americano no Pacífico está perfeitamente equipado para enfrentar um ataque norte-coreano, graças a sólidas infraestruturas que resistem a tufões e a terremotos.
Pyongyang revelou seu plano detalhado para disparar quatro mísseis contra Guam. Como a Coreia do Norte há tempos multiplica suas ameaças, os 162.000 habitantes locais, cujas vidas estão estreitamente ligadas aos 6 mil soldados americanos posicionados na ilha, aprenderam a conviver com elas. O governador Eddie Calvo explica que essa ilha remota do Pacífico se acostumou a ser um alvo desde que Washington instalou suas bases militares.
"É preciso entender que, inclusive em um cenário de possibilidade de um em um milhão, estamos preparados para o que Guam é há décadas: um território americano com vantagens militares estratégicas, em uma região muito dinâmica. Estamos preparados para enfrentar qualquer eventualidade, mais do que qualquer outra comunidade americana", garantiu.
[SAIBAMAIS]Calvo não dá detalhes sobre as defesas americanas na ilha, que conta com uma base aérea e outra naval. Guam também abriga um sofisticado escudo antimísseis, o sistema THAAD, capaz destruir os mísseis de curto e médio alcance, assim como projéteis de alcance intermediário, em sua fase final de voo."Dada a maneira como nossas infraestruturas foram construídas - e que resistiram a um tremor de magnitude 8,3 há uma década e a potentes tufões -, estamos perfeitamente equipados para coordenar o antes e o depois de uma ocorrência", enfatizou o governador.
A vida segue
Em Hagatna, a capital, os habitantes parecem encarar as ameaças norte-coreanas com resignação. "Se tiver que acontecer, acontecerá", afirma Loiue Joyce, de 20 anos. "Se temos medo? Sim, mas o que podemos fazer? Vivemos numa pequena ilha. Não há lugar onde se esconder em caso de ataque", completa. Território estratégico para os Estados Unidos, Guam foi o ponto de decolagem dos bombardeios B-52 encarregados de atacar Hanói durante a Guerra de Vietnã (1955-1975). A base Andersen dessa ilha é sede do 36; esquadrão de bombardeiros estratégicos americanos.
Além da presença militar, a economia da ilha depende em grande parte do turismo, um setor responsável por um terço dos empregos. Suas praias paradisíacas, seus hotéis e suas lojas duty-free atraíram mais de 1,5 milhão de visitantes em 2016. A maioria é japonesa e coreana. "A vida continua no paraíso", diz o diretor de Marketing do Departamento de Turismo de Guam, Josh Tyquengco. "Não estou a par de possíveis anulações de viagens. É alta temporada em Guam. O caso norte-coreano não teve qualquer impacto sobre o turismo no momento", avaliou.
O jornal local "Guam Daily Post" recorda, porém, que, apesar de os habitantes estarem acostumados com as ameaças de Pyongyang, desta vez a situação é mais precária, porque "um comandante-em-chefe impulsivo, que não tem tanto sangue frio, agora mora na Casa Branca".
A última vez que o território temeu ser vítima de um ataque, em 2013, a situação se tranquilizou. O governo do então presidente Barack Obama conseguiu evitar uma escalada verbal com o dirigente norte-coreano, Kim Jong-Un, destacou o jornal. "Desta vez, a ameaça é diferente. É mais preocupante, já que Donald Trump prometeu responder com ;fogo e fúria;. Mas Guam não é apenas a sede de bases aéreas e navais. É a casa de cerca de 162 mil pessoas, cidadãos americanos em sua maioria", reforça o veículo.