A construtora Odebrecht pagou mais de 27,7 milhões de dólares em subornos na Colômbia, incluindo os 11,1 milhões informados pelas autoridades dos Estados Unidos, revelou nesta terça-feira a procuradoria colombiana, que pediu investigações contra quatro senadores.
A empresa teria pago no total mais de 84 bilhões de pesos (cerca de 27 milhões de dólares) em subornos em troca de contratos para obras públicas na Colômbia, disse o procurador-geral, Néstor Martínez, em entrevista coletiva.
Segundo Martínez, as provas permitem "inferir razoavelmente" que a Odebrecht pagou através de suas filiais na Colômbia 34,653 milhões de pesos (aproximadamente 11,4 milhões de dólares) entre 2014 e 2015 pelo contrato do trecho 2 da Estrada do Sol, no norte do país.
"Uma vez recebido o dinheiro, essas empresas distribuíam parte do mesmo através de outros sub-contratos ou transações posteriores, que tinham o objetivo de fazer chegar pagamentos irregulares a funcionários públicos", explicou Martínez.
O procurador enviou cópias à Corte Suprema de Justiça para que autorize as investigações contra os senadores Bernardo Miguel Elias, Musa Besaile, Plinio Olano - os três do Partido de la U (governista) - e Antonio Guerra de la Espriella, do partido de direita Cambio Radical, "como supostos beneficiários destes pagamentos".
Além disso, o procurador-geral relacionou o conservador Ciro Rodríguez ao suposto crime de tráfico de influência e denunciou outras seis pessoas, três delas do Brasil e de Portugal, por sua participação na elaboração do esquema de pagamentos.
A procuradoria acrescentou que "avança na identificação" de supostos pagamentos totalizando 18,5 bilhões de pesos (cerca 6,1 milhões de dólares) em 2009, e 9,4 bilhões (3,1 milhões) em 2014, "cujos destinatários finais estão por ser estabelecidos".
A Odebrecht reconheceu ao governo dos Estados Unidos ter distribuído 11,1 milhões de dólares em subornos na Colômbia.
Segundo o grupo, 4,6 milhões foram para o trecho 2 da Estrada do Sol, uma via de 500 quilômetros que une o centro do país ao Caribe, cuja execução foi iniciada no mandato de Álvaro Uribe (2002-2010) e continuou no governo de Juan Manuel Santos, a partir de 2010.
Os outros 6,5 milhões de dólares foram distribuídos em 2014 para obter o trecho Ocaña - Gamarra.
Por esse caso, estão presos o ex-vice-ministro de Transporte Gabriel García e o ex-senador Otto Bula.
A máxima autoridade eleitoral colombiana investiga o financiamento da Odebrecht às campanhas presidenciais de Santos e de Óscar Iván Zuluaga, seu rival nas eleições de 2014 pelo direitista Centro Democrático, liderado por Uribe.