"O carro-bomba foi lançado contra um ônibus que transportava funcionários do Ministério de Minas", situado no oeste de Cabul, declarou o porta-voz do Ministério do Interior, Najib Danish à AFP.
No Twitter, os talibãs reivindicaram o atentado "contra um ônibus que transportava membros do NDS [serviços de Inteligência] e que deixou 37 mortos".
O presidente Ashraf Ghani condenou o atentado, "um crime que alimentará o rancor da população contras os terroristas".
O ataque aconteceu pouco antes das 7h locais em um movimentado bairro de maioria xiita de Cabul, onde há muitas academias, universidades e institutos, além de lojas e salões de festas.
[SAIBAMAIS]No local, o fotógrafo da AFP observou várias ambulâncias e muitos feridos, os quais estavam sendo transportados de táxi, ou em carros particulares. Um ônibus ficou completamente carbonizado perto do ministério para onde levava os funcionários. Muitas lojas foram atingidas, e a rua ficou cheia de escombros e de árvores derrubadas.
Entre as vítimas, pode haver civis, incluindo estudantes que chegavam cedo à universidade para a semana de provas, assim como seguranças que protegiam a residência do parlamentar Mohammad Moqaqeq, um dos líderes da comunidade hazara, relatou seu porta-voz, Omid Maisom.
"O carro explodiu na frente do primeiro posto de controle da residência do senhor Moqaqeq, deixando mortos e feridos entre os guardas e os civis. Acreditamos que quisesse alcançar a casa do senhor Moqaqeq, mas foi preso por nossos guardas", declarou.
A comunidade hazara é uma minoria xiita de cerca de três milhões de pessoas, discriminada e marginalizada no país. É conhecida por ser uma das mais liberais do Afeganistão, sobretudo, no tratamento reservado às mulheres.
Triste lembrança
Nesta segunda-feira (24/7), a comunidade hazara relembra o primeiro aniversário (do calendário religioso) do atentado contra uma manifestação de milhares de seus membros, em 23 de julho de 2016. Nessa data, 84 pessoas morreram, e mais de 300 ficaram feridas. Foi o primeiro atentado reivindicado pelo Estado Islâmico no centro da capital afegã.
Desde então, o EI, que vem ganhando terreno no norte do Afeganistão, atacou várias vezes os xiitas do país. Entre os atentados, está o que foi lançado em Mazar-i-Sharif (norte), em outubro passado, durante a Ashura - a principal festividade religiosa dessa comunidade.
Em 16 de junho passado, também atacou durante a chamada Noite do Destino, no final das celebrações do Ramadã.
Hoje, haveria uma manifestação em memória das vítimas do atentado de julho, mas o ato foi adiado no domingo (23/7), após uma reunião dos responsáveis por essa comunidade com o presidente Ashraf Ghani.
Ataque a hospital
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, o porta-voz da Presidência, Shah Hussain Murtazawi, informou que pelo menos "35 civis" morreram em um ataque dos talibãs contra um hospital em um distrito da província de Ghor, no centro do país.
"Trata-se de um crime contra a humanidade", declarou o porta-voz à imprensa.
No domingo, circularam várias informações sobre esse ataque, ocorrido enquanto os talibãs assumiam o controle do distrito de Taywara após vários dias de combates.
A informação ainda não havia sido confirmada por se tratar de uma região afastada e, em especial, depois que "os talibãs acabaram com a comunicação telefônica, cortando as linhas", como relatou no domingo (23/7) à AFP o porta-voz do governador dessa província, Abdul Hai Khatibi.
"Ouvimos dizer que o hospital foi incendiado, e vários médicos e pacientes, abatidos, mas não podemos confirmar isso", afirmou.
O porta-voz da polícia provincial, Mohammad Iqbal Nezami, disse à AFP que, "após tomarem o controle do centro do distrito, os talibãs atearam fogo ao hospital e mataram médicos e pacientes".
Em Cabul, o Ministério da Saúde disse que ainda é impossível estabelecer um balanço preciso de vítimas, antecipando apenas que, "segundo um membro do conselho provincial, dois enfermeiros, guardas e vários pacientes foram mortos".
Os talibãs negam ter atacado o estabelecimento, culpando um "bombardeio aéreo" pelos danos causados à clínica. Várias testemunhas afirmam que as vítimas eram civis.