Estados-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e outras nações exploradoras vão se reunir de forma extraordinária nesta segunda-feira, 24, na Rússia para discutir as ameaças crescentes ao plano de corte de produção estabelecido em maio, que não conseguiu impulsionar aos preços do barril como o esperado. Enquanto a Arábia Saudita vai tentar manter a influência sobre as demais nações, há a expectativa de que se aumente a pressão contra a Nigéria e Líbia, poupadas do recente acordo.
O ministro da Energia saudita, Khalid al-Falih, diminuiu suas férias para chegar mais cedo a São Petersburgo, onde já se encontrou com seu homólogo russo, Alexander Novak, e o secretário-geral da Opep, Mohammad Barkindo. "Vamos discutir nas próximas horas a situação no mercado", disse Novak a repórteres
De acordo com o ministro russo, a pauta da reunião em São Petersburgo vai envolver ainda a questão da produção da Líbia e da Nigéria. Os dois países são membros da Opep, mas, por causa de conflitos internos, foram isentos do acordo que prevê reduzir a oferta do bloco para 32,5 milhões de barris por dia de petróleo.
Participam do acordo os outros 12 membros da Opep, liderados pela Arábia Saudita, e outros 10 países produtores, entre os quais a Rússia.
Porém, desde o acerto entre as nações produtoras, no final de maio, os estoques de petróleo caíram mais devagar do que o esperado e os preços permaneceram atolados abaixo de US$ 50 por barril. "A dinâmica do mercado tem sido desafiadora a toda a teoria econômica estabelecida", disse Barkindo a repórteres.
Falih chegou no sábado a São Petersburgo e teve encontros com delegações da Líbia e Nigéria, que aumentaram a produção nos últimos meses. Espera-se, porém, que grandes anúncios não sejam feitos nesta segunda.
A situação da Líbia e da Nigéria é apenas parte do problema que a Opep vem enfrentando.
O Iraque e os Emirados Árabes Unidos, dois dos maiores produtores da Opep, não estão cumprindo seus compromissos de produção, de acordo com um relatório publicado pelo banco JPMorgan na semana passada. A Arábia Saudita, por sua vez, cortou mais do que prometeu, mas tem bombeado mais para atender a maior demanda no verão.
O ministro do Petróleo do Equador, Carlos Pérez, disse na semana passada que não tinha planos de manter a promessa de redução de produção porque o país precisava da receita petroleira. A nação sul-americana tem pouco peso na exploração, mas a tentativa de deserção foi um sinal amarelo para a Arábia Saudita, que lutou até conseguir fazê-lo voltar atrás.
"O movimento do Equador sublinha a forte divergência entre os produtores, com alguns Estados em necessidade urgente de alívio financeiro", escreveu a diretora de estratégia de commodities da RBC Capital Markets, Helima Croft, em nota a clientes.
Para o analista de commodities Giovanni Staunovo, do banco suíço UBS, o objetivo da Arábia Saudita neste encontro é "convencer os outros membros de que, ao aderir ao acordo, todos os produtores da Opep se beneficiarão de maiores receitas" com o aumento dos preços do petróleo. No entanto, ele vê chance de "20% a 30% de quebra do acordo" até março de 2018.
Otimista, Barkindo disse que a reunião de amanhã pode resultar em recomendações para a Opep e seus aliados e que o processo de reequilíbrio "está em curso". "Ele deve acelerar no segundo semestre", assegurou. Fonte: Dow Jones Newswires.