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Maduro aumenta 50% o salário mínimo na Venezuela

Em um ato com estudantes em Caracas, o presidente também aumentou um vale alimentação que complementa o salário

Caracas - O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou neste domingo (2/7) um aumento de 50% no salário mínimo, que agora será de 97.531 bolívares (cerca de 37 dólares na taxa oficial mais alta e 12 segundo a cotação no mercado negro), o terceiro aumento este ano.

Em um ato com estudantes em Caracas, o presidente também aumentou um vale alimentação que complementa o salário, que agora será de 153.000 bolívares, cerca de 58 dólares na taxa oficial mais alta e 19 dólares no mercado paralelo.


Assim, a chamada "renda mínima integral" sobe para 250.531 bolívares. Este é o terceiro aumento do salário mínimo este ano: em 8 de janeiro, subiu 50%, e em 30 de abril 60%, o que põe em evidência a alta inflação no país, que este ano poderia chegar a 720%, segundo o FMI.

"Ando trimestralmente atento ao salário dos trabalhadores, (...) acompanhando a campanha imoral que fixa preços através de um um preço de um dólar falso no exterior. Vamos a derrotá-lo", expressou Maduro em referência ao site dolartoday.com, que publica uma estimativa do preço do dólar no mercado negro.

Muitos comerciantes usam o valor do dólar paralelo para definir os preços de seus produtos: um quilo de arroz custa cerca de 11.000 bolívares, um litro de óleo 20.000 bolívares, e um tubo de pasta de dentes cerca de 11.500 bolívares. Nesses três produtos se gasta um quarto do salário mínimo.

O economista Asdrúbal Oliveros opinou que o novo aumento acelerará a inflação, diminuirá o poder aquisitivo e gerará desemprego. "Um sintoma de que esta economia está muito mal é a maior frequência com que se aumenta o salário mínimo", acrescentou no Twitter.

Maduro assegurou que com a sua proposta de Assembleia Constituinte para reformar a Carta Magna, a economia melhorará. "Necessitamos uma Constituinte para melhorar a economia, (...) regular os preços contra a especulação", acrescentou.

O anúncio coincide com a onda de protestos de opositores que exigem a saída de Maduro do poder desde 1 de abril. As manifestações, que também rejeitam a Constituinte, já deixaram 89 mortos.