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Homem do helicóptero acusado de rebelião na Venezuela é policial e ator

O helicóptero, da polícia forense, carregava uma faixa que dizia "350 Liberdade", uma referência ao artigo constitucional invocado pela oposição para uma desobediência civil ao governo de Maduro

Oscar Pérez, policial e ator amador de 36 anos, protagonizou na Venezuela uma história de cinema: divulgou vídeos nos quais convoca à rebelião contra o presidente Nicolás Maduro e sobrevoou Caracas em um helicóptero que, segundo o governo, lançou granadas contra a Suprema Corte.

Escoltado por quatro personagens mascarados e armados - dos quais apenas um se mexe -, Pérez, o único com o rosto descoberto, pediu a "todos os venezuelanos" que se reencontrem com "nossa Força Armada" e recuperem "nossa amada Venezuela".

Em cinco vídeos, divulgados no Instagram, Pérez exige de Maduro sua renúncia imediata. Ao mesmo tempo, fotos e vídeos do helicóptero em pleno voo invadiram as redes sociais.
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O helicóptero, da polícia forense, carregava uma faixa que dizia "350 Liberdade", uma referência ao artigo constitucional invocado pela oposição para uma desobediência civil ao governo de Maduro.

Pouco depois, Maduro o identificou com nome e sobremo ao responsabilizá-lo pelo "ataque terrorista" e vinculá-lo à CIA, à embaixada dos Estados Unidos e a um plano de golpe de Estado que já vinha denunciando. O paradeiro de Pérez é desconhecido.

Um comunicado da Presidência indica que Pérez e seus colegas lançaram quatro granadas contra o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e fizeram 15 disparos contra a sede do Ministério do Interior, ambos os edifícios no centro da cidade, sem causar feridos.

"Um indivíduo atacou com armas a República", expressou o ministro da Informação, Ernesto Villegas.

Esta não foi a primeira vez que os venezuelanos viram o rosto de Oscar Pérez.


"Morte Suspensa"

Loiro e de olhos azuis, do tipo de estrela de Hollywood, o agente protagonizou em 2015 o filme "Muerte Suspendida" ("Morte Suspensa", em tradução livre), baseado no famoso sequestro de um comerciante português em Caracas em 2012. Além de atuar, coproduziu o longa.

Segundo entrevista concedidas na época à imprensa local, escutar um menino dizer que queria ser "bandido para ter dinheiro, mulheres e o respeito do bairro" o levou a fazer o suspense.

Pérez é chefe de operações aéreas da Brigada de Ações Especiais do Corpo de Investigações Forenses, Penais e Criminais (CICPC) e tem 16 anos de carreira na instituição.

"Eu sou piloto de helicóptero, mergulhador de combate e paraquedista livre. Também sou pai, companheiro e ator (...) Sou um homem que sai de casa sem saber se voltará para casa porque a morte é parte da evolução", declarou ao jornal Panorama antes da estreia do filme.

Adestrador de cães, treinou os animais para farejar drogas e explosivos.

Também é "um psicopata", disse nesta quarta-feira o chanceler Samuel Moncada em coletiva, na qual exigiu à comunidade internacional para condenar o que chamou de "um ato terrorista".

Embora as autoridades tenham anunciado uma grande operação de busca e captura, não há maior movimentação militar nas ruas. "Por que não há tanques em Caracas? Porque esse psicopata não merece", justificou Moncada.

Um show?

Os opositores de Maduro, em meio a três meses de protestos que deixaram 77 mortos, questionam a versão oficial. "Algumas pessoas dizem que é uma montagem, outras que foi real", disse nesta quarta-feira Julio Borges, presidente do Parlamento, controlado pela oposição.

E seu passado como ator tem despertado suspeitas.

"Queremos que, uma vez terminada a exibição, tenham um momento de reflexão. Que se deem conta de que há um futuro, que podem ser cidadãos produtivos e bons, que a mensagem que a televisão transmite de que os bandidos triunfam não é verdade", disse Perez, dirigindo-se aos jovens, para promover seu filme.

Hoje, para alguns, é um homem "em pé de guerra" e para os outros a estrela de um novo "espetáculo"