A decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de reverter algumas das políticas da administração de Barack Obama para Cuba surpreendeu muitos republicanos no Congresso, que dizem que a nova abordagem entrega para concorrentes um mercado potencialmente lucrativo para bens e serviços norte-americanos.
Enquanto conservadores anticastristas saudaram a decisão de Trump, outros legisladores republicanos, particularmente dos Estados agrícolas, classificaram a mudança como equivocada e isolacionista. Eles pediram que os EUA aliviem as barreiras com Havana, algo que impulsionaria o comércio e criaria empregos em ambos os países.
O deputado republicano Rick Crawford, de Arkansas, disse que a mudança é mais do que apenas uma oportunidade perdida para o setor rural, que se beneficiaria de um acesso mais amplo ao mercado cubano. Ele afirmou que a política de Trump pode colocar a segurança nacional dos EUA em risco à medida que concorrentes estratégicos se movimentam para preencher o vazio criado por esse afastamento.
Isso "abre oportunidades para países como Irã, Rússia, Coreia do Norte e China ganharem influência em uma ilha a 140 quilômetros de nossa costa", disse Crawford. O senador republicano Jeff Flake, do Arizona, um crítico frequente de Trump durante a campanha presidencial de 2016, disse que qualquer mudança na política "que diminua a capacidade dos americanos de viajar livremente a Cuba não é do interesse do Estados Unidos ou do povo cubano".
[SAIBAMAIS]
Flake é um dos opositores mais ferrenhos à reversão das políticas de Obama para Havana. Ele advertiu que a volta de uma política "linha dura" afeta os cubanos que dependem cada vez mais do turismo. Durante um discurso na sexta-feira em Miami, Trump disse que a decisão é o cumprimento de uma promessa de campanha.
A abordagem da Trump tem como objetivo interromper o fluxo de dinheiro dos EUA para militares cubanos, mas com a manutenção de relações diplomáticas. As companhias aéreas dos EUA e os navios de cruzeiro ainda teriam permissão para atender a ilha.
No entanto, o governo dos EUA terá a complicada tarefa de policiar viagens de americanos a Cuba para garantir que não haja transações com o conglomerado vinculado aos militares que administra grande parte da economia cubana. O senador Marco Rubio e o representante Mario Diaz-Balart, republicanos que se opunham fortemente à política de Obama para Cuba, estavam com Trump quando o presidente anunciou as mudanças.
O deputado republicano Tom Emmer, de Minnesota, disse que a nova política de Trump "vai prejudicar os Estados Unidos economicamente, tornando mais difícil para os agricultores de nossa nação acessar novos mercados e debilitando nossas indústrias de viagens e manufatura".
Emmer, que tem sido um dos maiores defensores de Trump no Capitólio, ecoou as críticas de Crawford, dizendo que a decisão de Trump parece violar sua promessa de manter o país seguro. Emmer, Crawford e outros cinco republicanos da Câmara alertaram que a reversão da política para Cuba poderia ameaçar novos acordos bilaterais com Havana para combater o tráfico de pessoas, drogas e crimes cibernéticos. Fonte: Associated Press.