Líbano - As Forças Democráticas Sírias (FDS) seguem ganhando terreno nesta quarta-feira em Raqa, um dia após lançar sua ofensiva final contra o reduto do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria. Na terça-feira, as forças da aliança árabe-curda, apoiadas pela coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, entraram na cidade.
Raqa, conquistada pelos extremistas islâmicos em 2014, tornou-se símbolo das atrocidades cometidas pelo EI, entre elas decapitações, execuções públicas e base para o planejamento de atentados no exterior. Junto a Mossul, no Iraque, a cidade é uma das bases e a capital do "califado" autoproclamado pelo EI há quase três anos.
Na manhã desta quarta-feira, o comando da operação para a retomada de Raqa, "Escudo de Eufrates", anunciou a conquista do bairro de Mechleb e da cidadela de Harqal, localizada a dois quilômetros do perímetro de Raqa, numa colina com vista para a periferia oeste da cidade.
[SAIBAMAIS]As FDS também travavam combates %u200B%u200Bem três frentes em torno de Raqa, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). "Há combates no leste e oeste da cidade", afirmou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman. "As FDS também combatem no complexo militar da ;Divisão 17;, cerca de dois quilômetros ao norte de Raqa, mas a área está repleta de minas terrestres", acrescentou.
De acordo com o OSDH, a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos bombardeou durante a noite vários alvos na cidade. Um dos ataques aéreos de terça-feira matou oito civis, incluindo três crianças, de acordo com Abdel Rahman. O número de civis mortos em ataques da coalizão tem aumentado desde que as FDS lançaram a ofensiva de Raqa há sete meses. Na segunda-feira, 21 civis foram mortos quando tentavam fugir da cidade cruzando o Eufrates em uma embarcação.
Segundo a ONU, cerca de 160.000 pessoas vivem na cidade, contra 300.000 antes do início do conflito. O porta-voz do escritório de coordenação dos assuntos humanitários da ONU, David Swanson, declarou que cerca de 100.000 pessoas podem se ver bloqueadas durante este ataque final.
Na terça, o Comitê Internacional de Resgate expressou sua preocupação com a segurança dos civis em Raqa, porque o número de pessoas fugindo da cidade diminuiu muito desde a semana passada, o que poderia indicar que o EI quer utilizá-las como "escudos humanos". Na terça-feira, em um comunicado, o comandante das forças da coalizão internacional, o general americano Steve Townsend, advertiu que a batalha de Raqa será "longa e difícil", "mas será um golpe decisivo" para o "califado do EI".
No sudeste da Síria, a coalizão internacional decidiu na terça atacar as forças pró-regime perto de Al Tanaf, não muito longe da fronteira com o Iraque e a Jordânia. De acordo com a coalizão, um grupo "de mais de 60 soldados", que também tinha um tanque e artilharia, representava uma "ameaça" para suas forças nesse setor. As forças pró-Damasco já haviam sido bombardeadas nessa área em 18 de maio passado.
O OSDH indicou que 17 membros das forças do regime foram mortos neste ataque. "Foi um ato de agressão que viola a soberania e a integridade territorial da Síria", denunciou nesta quarta-feira o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov.