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Paris, França - A investigação sobre o ataque com martelo a um policial na frente da catedral de Notre Dame de Paris centrava-se nesta quarta-feira na personalidade do agressor que jurou lealdade ao grupo Estado Islâmico (EI), um universitário argelino de 40 anos desconhecido dos serviços de inteligência.
O homem, Farid I., não "apresentava sinais de radicalização" e todas as indicações confirmam a tese de "um ato isolado", afirmou nesta quarta-feira o porta-voz do governo, Christophe Castaner. A polícia encontrou em seu apartamento alugado em Cergy, perto de Paris, um vídeo no qual jura fidelidade ao EI, segundo uma fonte próxima à investigação. Durante as buscas, também foram apreendidos "vários aparelhos eletrônicos que estão sendo analisados".
[SAIBAMAIS]O agressor está hospitalizado depois de ter sido ferido por tiros da polícia no momento em que avançou na direção de um agente com um martelo na mão. Durante o ataque, ele gritou "isto é pela Síria" e afirmou ser "um soldado do califado", uma referência ao califado anunciado de modo unilateral em junho de 2014 pelo EI nas áreas que controlava no Iraque e na Síria. O policial agredido, de 22 anos, ligeiramente ferido no pescoço, também foi hospitalizado.
O ataque, no coração de Paris e em um dos principais pontos turísticos da capital francesa, aconteceu apenas três dias depois de um novo atentado no Reino Unido, que deixou sete mortos e 48 feridos. Desde 2015, a França viveu uma série de ataques que fizeram 239 mortos.
Ligações com a Suécia
O agressor tinha documentos de identificação com o nome de Farid I., nascido na Argélia em janeiro de 1977. Ele preparava uma tese de doutorado desde 2014 na Universidade de Metz (leste da França). Farid I., que "não tinha antecedentes psiquiátricos conhecidos", de acordo com uma fonte próxima à investigação, era um estudante "totalmente oposto" a um perfil jihadista e que defendia "os valores democráticos", segundo afirmou à AFP seu orientador Arnaud Mercier.
Questionada pela AFP, a universidade de Uppsala, ao norte de Estocolmo, confirmou que ele foi aluno da prestigiosa instituição entre 2009 e 2011, quando se formou em jornalismo. De acordo com o tabloide sueco Expressen, foi casado até 2005 com uma sueca e deixou o país em 2013.
Segundo uma ficha em seu nome no site profissional LinkedIn, Farid I. diz ter dirigido um jornal local em Bejaia, na Cabília, e trabalhado para o jornal argelino El Watan, conhecido por sua linha anti-islamita.
"Não era um islamista de barba longa. Pelo contrário, do tipo que usa calças de sarja e jaqueta (...) O tipo que não levanta qualquer suspeita", afirmou um dos inquilinos de seu prédio, lembrando um homem "muito discreto".
Nesta quarta-feira, os turistas voltaram a lotar a catedral, dentro da qual várias centenas de pessoas tiveram que permanecer confinadas por mais de duas horas na terça-feira.
"Não é um louco que vai parar. Confiamos na polícia e, finalmente, ninguém, além do idiota com o martelo, ficou gravemente ferido ontem", comentou Joe, um americano de 53 anos.
Num café próximo, Le Notre Dame, situado no Quai Saint-Michel, é uma manhã como outra qualquer. "Como se nada tivesse acontecido, as pessoas nem sequer comentam, acostumaram-se", declarou Claude, atrás do bar.