Cabul, Afeganistão - Quatro pessoas morreram nesta sexta-feira (2/6) quando a polícia afegã abriu fogo para dispersar centenas de manifestantes que tentavam se aproximar do palácio presidencial de Cabul para exigir a renúncia do governo após o atentado de quarta-feira que deixou 90 mortos.
"Nas manifestações de hoje, quatro pessoas morreram e oito ficaram feridas", afirmou à AFP o porta-voz do ministério da Saúde, Waheed Majrooh.
O descontentamento aumenta no Afeganistão desde o ataque com caminhão-bomba que também deixou centenas de feridos no bairro diplomático ultraprotegido da capital afegã. Este foi o atentado mais violento em Cabul desde 2001.
[SAIBAMAIS]Manifestantes feridos, alguns em estado grave, foram levados para um hospital. Os manifestantes, alguns com pedras nas mãos, se reuniram no local da explosão de quarta-feira, gritaram frases contra o governo, além de "morte aos talibãs".
A polícia respondeu com tiros e gás lacrimogêneo, além de jatos de água, quando os manifestantes tentaram superar o cordão de isolamento. "Nossos irmãos e irmãs morreram no ataque sangrento de quarta-feira e nossos dirigentes não fazem nada para acabar com a carnificina", acusou a ativista Rahila Jafari. "Queremos justiça, queremos que os autores do ataque sejam enforcados", completou.
Alguns manifestantes, furiosos, afirmaram que os protestos devem prosseguir até a renúncia do presidente Ashraf Ghani e do primeiro-ministro Abdullah Abdullah. O serviço de inteligência afegão acusou a rede Haqqani, um grupo armado vinculado aos talibãs e responsável por muitos ataques contra as forças estrangeiras e locais no Afeganistão, de executar o atentado. Os talibãs negaram qualquer envolvimento com o ataque.
O presidente Ghani pode ordenar em breve a execução de 11 prisioneiros talibãs que pertencem à rede Haqqani. Várias pessoas continuam desaparecidas após o ataque de quarta-feira. As autoridades afirmaram que alguns corpos talvez nunca sejam identificados.