A Alemanha concedeu asilo a vários militares turcos e seus familiares com passaportes diplomáticos, revelou a imprensa alemã nesta segunda-feira, enquanto Ancara acusa Berlim de proteger cúmplices do golpe frustrado de julho de 2016.
A AFP não pôde contatar o ministério do Interior alemão, mas, segundo o jornal Süddeustche Zeitung e as emissoras regionais WDR e NDR, as autoridades alemãs informaram que tinham dado uma resposta positiva às demandas de asilo destes cidadãos turcos.
Tratam-se, sobretudo, de militares turcos da Otan, que estavam destacados na Alemanha antes de serem afastados do exército de seu país, segundo a fonte. A maioria tem passaporte diplomático.
Desde a tentativa de golpe de 2016, 416 militares, diplomatas, juízes e altos funcionários turcos pediram asilo na Alemanha, segundo dados do ministério do Interior, publicados por três veículos de comunicação. A cifra também inclui seus familiares.
Depois da tentativa frustrada de golpe, o governo do presidente conservador islamita Recep Tayyip Erdogan empreendem um amplo expurgo em todos os setores da sociedade, da educação à imprensa até o exército e a magistratura.
Em janeiro, o ministério da Defesa turco exigiu à Alemanha refutar os pedidos de asilo apresentados por 40 militares turcos da Otan.
A Turquia reivindica, ainda, a extradição de supostos golpistas que, segundo as autoridades, encontraram refúgio na Alemanha.
Esta situação envenena as relações entre os dois países há meses, ao ponto que o governo turco chegou a acusar a Alemanha de acolher "terroristas". Berlim criticou, por sua vez, a magnitude dos expurgos realizados por Ancara.