Washington, Estados Unidos - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reuniu-se com o líder palestino, Mahmud Abbas, nesta quarta-feira (3/5), a quem manifestou sua esperança de um acordo de paz com Israel ainda em seu mandato recém-iniciado.
"Sob sua liderança e sua corajosa gestão, além de sua sabedoria e de sua grande habilidade negociadora, acredito em que, com a graça de Deus e com seus esforços, possamos ser sócios verdadeiros para alcançar um histórico acordo de paz", disse Abbas a Trump.
Em resposta, o presidente americano assegurou que deseja "apoiá-lo, a que seja você o líder palestino a assinar o acordo de paz final e, mais importante, que traga segurança, estabilidade e prosperidade para os dois povos e para a região".
O presidente americano garantiu que está "comprometido" com continuar trabalhando com israelenses e palestinos para alcançar um acordo, mas frisou que esse entendimento "não pode ser imposto pelos Estados Unidos, ou por qualquer outra nação".
Israelenses e palestinos devem trabalhar por esse acordo.
"Gostaria de ser um mediador, um árbitro, ou um facilitador" da paz, afirmou Trump, acrescentando que "vamos consegui-la".
Trump recebeu Abbas na Casa Branca. Ambos deram uma declaração conjunta nos jardins, antes de seguirem para um almoço de trabalho com suas respectivas equipes.
Na agenda, estavam previstas discussões sobre formas de relançar um processo de paz entre israelenses e palestinos, mas também pontos da agenda bilateral, como a cooperação para a criação de empregos, segurança regional e políticas "contra o terrorismo".
- Mudança de rumo -
A visita de Abbas à Casa Branca acontece pouco mais de dois meses depois de Trump ter recebido o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Naquele encontro, Trump gerou uma onda global de reações, ao se afastar da tradicional posição de Washington de apoiar uma solução de dois Estados para pôr fim ao conflito entre israelenses e palestinos.
"Por muito tempo, pensei em que a solução de dois Estados era a mais fácil. Mas, honestamente, se Israel e os palestinos estão felizes, estou feliz com o que eles preferirem", declarou Trump na época.
A declaração marcou uma ruptura clara com uma política que Washington seguiu durante décadas.
Além disso, já na campanha eleitoral do ano passado, Trump sugeriu a possibilidade de retirar a embaixada americana de Tel Aviv para transferi-la para Jerusalém. A ideia foi imediatamente condenada pelos palestinos.
Durante as sessões no Senado para sua confirmação no cargo, o embaixador escolhido por Trump para representar os Estados Unidos em Israel, David Friedman, defendeu a transferência da embaixada para "a capital eterna de Israel, Jerusalém".
O próprio Friedman já participou do financiamento de assentamentos israelenses em territórios palestinos. Sua nomeação foi confirmada pelo Senado no final de março.
Na terça-feira (2/5), o vice-presidente Mike Pence disse que Trump continuava "considerando seriamente trasladar a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém".
Pressão sobre Israel
Ao mesmo tempo, Trump pediu a Israel que pare a construção de assentamentos na Cisjordânia, uma preocupação de longa data dos palestinos e de parte da comunidade internacional.
Pence declarou que Trump está "pessoalmente comprometido com resolver o conflito de israelenses e palestinos" e está conseguindo um "avanço valioso".
"O impulso está sendo feito, e a vontade está crescendo", disse Pence, em um ato pelo dia da Independência de Israel na Casa Branca.
No Catar, onde mora, o líder do movimento islamita palestino Hamas, Khaled Mechaal, afirmou que Trump tem "uma oportunidade histórica para pressionar Israel (...) para encontrar uma solução justa para o povo palestino".
Na segunda-feira (1;/5), o Hamas modificou seu programa político, pela primeira vez, aceitando um Estado palestino limitado às fronteiras de 1967.
Abbas é impopular entre os palestinos. Segundo pesquisas recentes, uma maioria espera que ele renuncie ao cargo.
O líder palestino acredita em que Trump pressionará Israel para fazer concessões que considere necessárias para salvar a solução de dois Estados, em um dos mais antigos conflitos do mundo.