O centrista e pró-europeu Emmanuel Macron enfrentará nesta quarta-feira em um debate na televisão a candidata da extrema-direita, anti-imigração e anti-euro Marine Le Pen, a quatro dias do segundo turno da eleição presidencial francesa.
Decididos a convencer os eleitores indecisos para vencer no domingo, os dois prometem um duelo feroz às 19h00 GMT (16h00 de Brasília), diante de milhões de telespectadores.
Após dez dias de uma campanha cheia de troca de farpas entre os dois turnos da eleição presidencial, Emmanuel Macron lidera as pesquisas, com cerca de 60% dos votos, mas a diferença parece diminuir, com uma Le Pen muito ofensiva. A abstenção deve variar entre 22 e 28% no domingo.
O fracasso do arauto da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon e do conservador François Fillon na primeira fase da eleição deixou um gosto amargo em um grupo de eleitores que se recusam a escolher entre "a peste e a cólera".
[SAIBAMAIS]
"Estamos em uma zona de perigo absoluto. Não podemos jogar a democracia na roleta russa", alertou nesta quarta-feira a ministra socialista da Educação, Najat Vallaud-Belkacem, enquanto alguns eleitores da esquerda planejam se abster ou votar em branco.
À direita, o partido Os Republicanos advertiu que os eleitores que se "aproximarem da Frente Nacional" para a presidência serão excluídos.
A candidata da extrema-direita não parou de cortejar os eleitores de Mélenchon, dos quais menos de 20% devem votar nala, enquanto quase a metade votará em Emmanuel Macron, cujo programa defendido é social-liberal e pró-europeu, de acordo com várias pesquisas.
Para o enfrentamento nesta quarta-feira, dois dias antes do fim oficial da campanha, Emmanuel Macron, de 39 anos, prometeu um "corpo a corpo" com a sua adversária da extrema-direita, que "defende um projeto que eu considero perigoso".
"Está cada vez mais febril (...) Eu aconselho-o a manter a calma", respondeu Marine Le Pen.
Euro será tema central
De acordo com a equipe do ex-ministro da Economia, será a "oportunidade de mostrar as fragilidades do programa" de sua oponente, "como este recuo total sobre a saída do euro", que não aparece mais como prioridade da candidata da Frente Nacional, enquanto a maioria dos franceses são contra um abandono da moeda única.
O debate televisionado entre os dois turnos é um dos pontos altos da campanha presidencial na França, onde, para além dos projetos, as personalidades dos candidatos são evidenciadas. A audiência pode, contudo, sofrer com a semi-final da Liga dos Campeões, disputada na mesma hora entre Mônaco e Juventus.
"Depois de meses de campanha este será o último ato. É um ritual, um espetáculo, uma luta de boxe, onde todos buscam o nocaute. Mas os dois candidatos também devem mostrar ser capazes de se tornar presidentes", aponta Christian Delporte, historiador especialista em comunicação política.
Os dois rivais devem debater sobre o lugar da França na União Europeia, segurança, mercado de trabalho e educação.
Os programas são diametralmente opostos. O discurso de Emmanuel Macron, liberal em termos de economia e sociedade, atrai a juventude urbana, a classe média e a comunidade empresarial. Marine Le Pen, anti-imigrante, anti-Europa e antissistema, seduz a classe trabalhadora, rural, ;invisível;, e captura os franceses vítimas de um desemprego endêmico e suas consequências.