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Líderes mundiais querem proibir as armas químicas para sempre

A Síria se incorporou à OPAQ em 2013, depois de ter desmentido durante anos possuir armas químicas

Haia, Holanda - Líderes mundiais convocaram nesta quarta-feira todas as nações a colaborar para "proibir para sempre o flagelo das armas químicas", por ocasião do 20; aniversário da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ). O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu que se siga trabalhando para eliminar este tipo de arsenais, um trabalho que se encontra ameaçado, segundo ele.

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Até agora, 95% das reservas declaradas de armas químicas no mundo foram destruídas pela OPAQ, mas "duas décadas de êxitos estão ameaçadas", advertiu Guterres em uma mensagem de vídeo transmitida em Haia, onde a organização tem sua sede. O responsável da ONU se referia, assim, às informações sobre o uso de armas químicas como o gás mostarda ou o sarin no conflito sírio.

"O recente ataque na Síria lembrou esta ameaça de maneira horrível. Não pode haver impunidade para estes crimes", destacou Guterres. No início de abril, 87 pessoas morreram em um ataque com gás sarin (ou substância similar) contra a localidade síria de Khan Sheikhun, que grande parte da comunidade internacional atribuiu ao regime de Damasco. O presidente sírio, Bashar al-Assad, rejeitou firmemente estas acusações.

A Síria se incorporou à OPAQ em 2013, depois de ter desmentido durante anos possuir armas químicas. E, embora 100% das reservas de armas químicas declaradas por Damasco tenham sido destruídas durante uma operação que contou com a participação de trinta países, muitos se perguntam se Damasco havia revelado o conjunto total de seu arsenal.

"A OPAQ enfrentou na Síria sua mais importante prova de compromisso, mas também a maior de sua resistência", declarou o diretor-geral da OPAQ, Ahmet Uzumcu. "Nosso trabalho na Síria não terminou. É muito preocupante o fato de seguirmos recebendo informações sobre a utilização de armas químicas", acrescentou.

Uzumcu convocou Egito, Israel, Coreia do Norte e Sudão do Sul a assinar sem demora a convenção sobre a proibição de armas químicas, já que são os quatro países que ainda não o fizeram. A cerimônia foi realizada na presença de algumas vítimas destas armas, que foram utilizadas pela primeira vez durante a Primeira Guerra Mundial.