Seul, Coreia do Sul - As forças americanas entregaram nesta quarta-feira (26/4) à Coreia do Sul os primeiros elementos do escudo antimísseis THAAD, destinado a enfrentar a crescente ameaça da Coreia do Norte, mas que provoca críticas da China. Washington e Seul anunciaram a instalação do escudo em 7 de março, alegando que permitirá lutar contra a ameaça dos mísseis balísticos norte-coreanos que o regime de Pyongyang persiste em desenvolver, apesar das sanções internacionais.
Diante da inflexibilidade do dirigente norte-coreano Kim Jong-Un, o governo americano apresenta agora a política algo imprevisível do novo presidente Donald Trump, que afirma estar disposto a resolver sozinho, se necessário, o problema da Coreia do Norte. Neste contexto, Washington decidiu enviar para a região o porta-aviões Carl Vinson e sua frota aeronaval, que devem chegar à península coreana até o fim de semana.
De modo paralelo, Pyongyang anunciou nesta quarta-feira o sucesso do que chamou de "mais importantes" exercícios de artilharia já realizados no país. Ao mesmo tempo, canais de televisão sul-coreanos exibiram imagens da chegada de caminhões militares com elementos do THAAD (Terminal High Altitude Area Defense) ao campo de golfe em que será instalado, 250 quilômetros ao sul de Seul. Centenas de moradores da região, preocupados com as consequências ambientais do sistema, protestaram e entraram em confronto com as forças de segurança.
Represálias econômicas
O escudo antimísseis foi projetado para interceptar e destruir os mísseis balísticos norte-coreanos de curto e médio alcance durante a fase final de voo. Estados Unidos e Coreia do Sul decidiram instalar o escudo THAAD após as negociações de março entre o presidente interino sul-coreano Hwang Kyo-ahn e o vice-presidente americano Mike Pence.
[SAIBAMAIS]O ministério sul-coreano da Defesa informou nesta quarta-feira que espera aplicar a fase operacional do THAAD "o mais rápido possível", com o objetivo de ter a instalação completa até o fim do ano. A China se opõe abertamente à instalação do escudo porque considera que representa um fator de instabilidade regional e uma ameaça para suas próprias capacidades balísticas.
Pequim reagiu de modo muito negativo ao anúncio da instalação do escudo e determinou uma série de medidas que Seul considera represálias econômicas. Uma das medidas foi a proibição, a partir de 15 de março, das viagens de grupos de turistas chineses a Coreia do Sul, o que afeta a indústria local. A tensão aumentou na península coreana nos últimos meses e o governo de Trump deu respostas belicosas aos testes de mísseis balísticos norte-coreanos.
Trump e vários funcionários do governo americano afirmaram que todas as opções, incluindo as militares, estão "sobre a mesa". O presidente americano declarou na segunda-feira que o Conselho de Segurança da ONU deveria "estar preparado" para impor novas sanções a Pyongyang. Mas a Coreia do Norte não demonstra a intenção de recuar.
Após um gigantesco desfile militar em 15 de abril para celebrar o 105; aniversário do nascimento do fundador do regime, Kim Il Sung, a Coreia do Norte anunciou que realizou importantes exercícios na terça-feira, por ocasião do aniversário de 85 anos da criação do exército. A imprensa norte-coreana menciona nesta quarta-feira os "mais importantes exercícios de artilharia", supervisionados por Kim Jong-Un, que aparece em diversas fotos, sorridente, diante do espetáculo.