O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, foi convidado a prestar depoimento ante autoridades eleitorais, como parte de uma investigação por um suposto financiamento irregular que a construtora Odebrecht teria feito para a campanha de reeleição do político.
O presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Alexander Vega, disse a jornalistas que Santos deve depor dia 8 de maio em "versão livre", modalidade que permite que a pessoa estja presente para falar ou envie um texto por escrito, sem que isso se considere uma prova jurídica contra ele.
Santos tem dito desconhecer que a companhia brasileira tivesse dado dinheiro irregularmente e inclusive pediu a apuração do caso.
A autoridade eleitoral iniciou uma investigação em fevereiro para determinar se a campanha de reeleição de Santos em 2014 teria violado os limites de financiamento, após o ex-congressista Otto Bula ter dito que entregou US$ 1 milhão ao então gerente de campanha do presidente. Bula, detido no início do ano pela promotoria colombiana, supostamente recebeu um suborno de mais de US$ 4 milhões da Odebrecht entre 2013 e 2014, e US$ 1 milhão teriam sido destinados à campanha de Santos.
O procurador-geral, Néstor Humberto Martínez, disse em março que a Odebrecht fechou um contrato com uma companhia registrada no Panamá que está vinculada à agência local de publicidade que Santos contratou durante sua campanha de 2014. A autoridade acrescentou que o objetivo da empresa era aparentemente ganhar o apoio do governo de Santos para vencer uma arbitragem de US$ 100 milhões em torno de disputas por um projeto rodoviário.
Na Colômbia, é ilegal que companhias não bancárias façam contribuições de campanha. Santos não reportou ter aceitado nenhuma contribuição individual.
A Odebrecht também é acusada de cobrir gastos do rival de Santos, Óscar Iván Zuluaga, durante a disputa de 2014. Nesse caso, teriam sido pagos US$ 1,6 milhão, segundo a procuradoria.
A companhia brasileira está no centro de um escândalo internacional por subornos de autoridades de vários países para se beneficiar em vários de seus contratos. Como parte de um acordo com o Departamento de Justiça americano, a Odebrecht admitiu ter pago ao menos US$ 800 milhões em subornos para conseguir contratos em 12 países, em sua maioria latino-americanos.
Há algumas semanas, um juiz do Peru determinou a prisão do ex-presidente Alejandro Toledo por supostamente receber cerca de US$ 20 milhões em suborno em troca de um lucrativo contrato para construir uma rodovia entre o Brasil e a costa do Pacífico.