Beirute, Líbano - O conflito sírio teve início em 15 de março de 2011 com protestos pacíficos que foram reprimidos com violência e não tardaram em se transformar em uma insurreição contra o regime do presidente Bashar al-Assad.
Com o passar do tempo, o conflito se tornou cada vez mais complexo, com o envolvimento de extremistas islâmicos e a intervenção de potências regionais e internacionais. Em seis anos, a guerra deixou mais de 320.000 mortos e milhões de deslocados.
Revolta e repressão
Na esteira da Primavera Árabe, em 15 de março de 2011, tem início em Damasco manifestações por "uma Síria sem tirania". O país é governado há 40 anos pela família Assad. O regime denuncia uma "rebelião armada de grupos salafistas".
O movimento se propaga, sobretudo em Deraa (sul), onde os cidadãos protestam com a prisão de estudantes suspeitos de terem feito pichações. Ao menos 100 mortos na repressão das manifestações, segundo testemunhas e ativistas de direitos humanos
Em abril, a contestação se estende e se radicaliza, com apelos à queda do regime de Bashar al-Assad. Em julho, um coronel refugiado na Turquia cria o Exército Sírio Livre (ESL), integrado principalmente por civis e desertores. Grupos de tendência islamita aderam à rebelião.
A aviação, âncora do regime
Em 1; de março de 2012, o exército toma o bairro de Baba Amr, reduto da rebelião em Homs (centro), após um mês de conflitos e bombardeios, com centenas de mortos, segundo organizações não governamentais. Em 17 de julho, o ESL lança a batalha de Damasco. O governo mantém o controle da capital, mas algumas periferias passam ao controle rebelde.
Em agosto, entram em ação as armas pesadas, entre elas aviões bombardeiros. E a partir de 2013, helicópteros e aviões do regime passam a lançar de forma regular barris de explosivos contra os bairros rebeldes no país.
Hezbollah entra em ação
A partir de abril de 2013, o chefe do Hezbollah libanês, aliado do Irã, reconhece o envolvimento de seus combatentes ao lado do regime. O Irã xiita é o principal aliado do regime de Assad, que pertence à minoria alauita, um ramo do xiismo.
Ataque químico
Em 21 de agosto, o regime lança ofensivas contra duas zonas controladas pelos rebeldes perto de Damasco. A oposição e os países ocidentais acusam o regime de ter feito centenas de vítimas com gases tóxicos. Os Estados Unidos evocam um número de ao menos 1.429 mortos, incluindo 426 crianças.
Em setembro, um acordo entre Rússia e Estados Unidos para desmantelar o arsenal químico sírio antes de meados de 2014 freia um iminente bombardeio norte-americano em resposta aos ataques com gases tóxicos.
Crescimento dos extremistas islâmicos
A partir de 2014, o grupo extremista Estado Islâmico (EI) assume o controle de vastas regiões no norte do país, eclipsando a rebelião. Raqa se torna seu reduto.
Bombardeios internacionais contra o EI
Em setembro de 2014, Barack Obama estabelece uma coalizão internacional contra o EI. Os curdos da Síria, que desde 2013 estabeleceram uma administração autônoma em zonas do norte do país, assumem o controle, com o apoio dos ataques da coalizão, regiões estratégicas das mãos do EI, incluindo Kobane, em 2015.
Moscou socorre Assad
Em 30 de setembro de 2015, a Rússia inicia uma campanha de ataques aéreos, afirmando visar grupos "terroristas", incluindo o EI. Mas os rebeldes e o Ocidente acusam Moscou de atacar os grupos rebeldes, principalmente moderados. Estes ataques ajudam o regime, então em grande dificuldades, a recuperar terreno.
Intervenção turca
Em 24 de outubro de 2016, a Turquia, que apoia a rebelião, lança uma operação do outro lado de sua fronteira para expulsar o EI, mas também as milícias curdas.
Retomada de Aleppo
Em 22 de dezembro de 2016, após um cerco sufocante aos bairros rebeldes de Aleppo e uma ofensiva devastadora, o regime reassume o controle total da segunda maior cidade do país. Em 30 de dezembro, um cessar-fogo entra em vigor, em virtude de um acordo russo-turco, sem os Estados Unidos.
Primeiro ataque americano contra o regime
Em 4 de abril de 2017, pelo menos 87 civis, incluindo 31 crianças, morrem em um suposto ataque químico na cidade rebelde de Khan Sheikhun (província de Idlib, noroeste) atribuído ao regime de Assad. Na madrugada de 7 de abril, os Estados Unidos atacam a base militar síria de Al-Shayrat (centro). É a primeira ação militar americana contra o regime em mais de seis anos de guerra.