A Rússia usou seu poder de veto no Conselho de Segurança, nesta quarta-feira (12), para bloquear uma resolução que pedia ao governo da Síria cooperação com uma investigação sobre o suposto ataque com arma química, o qual teria sido lançado pelo governo de Bashar al-Assad.
Essa é a oitava vez que os russos fazem uso do veto para impedir uma resolução do Conselho de Segurança da ONU dirigida especificamente ao governo de Damasco, aliado de Moscou.
As delegações de Reino Unido, França e Estados Unidos tinham apresentado o projeto após o suposto ataque com gás neurotóxico contra a cidade de Khan Sheikhun, que deixou 87 mortos.
A China, que também tem direito de veto no Conselho de Segurança, se absteve da votação, assim como as delegações de Cazaquistão e Etiópia, que são membros não permanentes deste seleto grupo de países.
A Bolívia também votou contra o projeto de resolução, enquanto o Uruguai votou a favor.
O texto da resolução discutida condenava o ataque com arma química e expressava o apoio do Conselho de Segurança a uma investigação por parte da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPCW, na sigla em inglês).
A resolução pedia à Síria que comunicasse planos de voo de seus aviões, o registro de cada voo e informações sobre suas operações militares em 4 de abril, assim como os nomes dos capitães de cada voo e proporcionar estes dados também a investigadores da ONU.
Pouco antes da votação, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, tinha reconhecido em entrevista coletiva em Moscou o "baixo nível de confiança" verificado atualmente na relação entre Estados Unidos e Rússia.
Grande responsabilidade
O presidente francês, François Hollande, avaliou que a Rússia assumiu "uma grande responsabilidade" ao vetar a resolução do Conselho de Segurança, e acusou Moscou de proteger "sistematicamente" seu aliado Assad".
"É a oitava vez que a Rússia opta por se opor à maioria do Conselho", lamentou Hollande, destacando que a França "não poupou esforços, incluindo em relação à Rússia, para reunir um consenso sobre este texto".
A Rússia assume "uma grande responsabilidade ao se opor sistematicamente, para proteger seu aliado Assad, a um tratamento multilateral do tema sírio".
Segundo Hollande, "apenas a união da comunidade internacional em torno de uma transição política na Síria permitirá a este país mártir recuperar a paz, a estabilidade e a soberania".
O ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, declarou que a Rússia "escolheu o lado mau".
"A comunidade internacional se esforça para dizer claramente que a utilização de armas químicas, por qualquer um, é inaceitável, e os responsáveis devem arcar com as consequências".
"Estou chocado de ver que a Rússia, mais uma vez, bloqueou o Conselho de Segurança da ONU".