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Ativistas do Greenpeace protestam contra projeto da Total no Brasil

O projeto de exploração de petróleo tem previsão de início em 2017, depois que a Total conseguir as licenças ambientais necessárias do governo brasileiro, afirmou o Greenpeace

Paris, França - Ativistas do Greenpeace derramaram nesta segunda-feira 3 mil litros de melaço diante da sede da companhia francesa Total perto de Paris para protestar contra um projeto de exploração de petróleo na região da foz do rio Amazonas, no Brasil.

"Total, ameaça oficial aos corais do Amazonas", "Salvemos os recifes do Amazonas", afirmavam os cartazes dos cerca de 15 ativistas, que derramaram melaço em uma área de 400 metros quadrados em La Defense, bairro de negócios situado nos arredores da capital francesa.
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"É uma ação simbólica, vamos simular uma maré negra como se fosse uma mensagem de devolução ao remetente. Queremos enviar uma mensagem forte", afirmou à AFP um dos ativistas.

Vinte policiais chegaram ao local do protesto pouco depois que o melaço foi derramado. A ação terminou sem o registro de nenhuma detenção.

O projeto de exploração de petróleo tem previsão de início em 2017, depois que a Total conseguir as licenças ambientais necessárias do governo brasileiro, afirmou o Greenpeace.

Para a ONG, o projeto coloca em perigo um recife de coral descoberto em 2016 diante da costa do norte do Brasil, onde o Amazonas desemboca no oceano Atlântico.

Algo que o gigante petrolífero francês nega em uma carta enviada no dia 8 de fevereiro ao Greenpeace, depois de ter sido contactado pela ONG no mês anterior.

"Nossas permissões de exploração não se sobrepõe com o posicionamento dos arrecifes descritos pela comunidade científica", escreve Manoelle Lepoutre, diretora do departamento de Compromisso e Sociedade Civil da Total, nesta carta consultada pela AFP.

"A investigação pública confirmou a ausência de impacto de nossas operações nos arrecifes: o poço mais próximo que será perfurado estará situado a 28 km de distância", afirma.

Os blocos de exploração em questão, explorados conjuntamente com a brasileira Petrobras e a britânica BP, podem levar à perfuração de poços neste ano, se forem obtidas as permissões necessárias das autoridades brasileiras, confirmou uma porta-voz da Total.

Mas o Greenpeace criticou que a carta não "inclua nenhum questionamento de parte da Total", ao mesmo tempo em que afirmou que os 28 km de distância "não mudam em nada" o risco para os arrecifes, segundo Edina Ifticene, encarregada da campanha Oceanos pela ONG.

"A linha de concessão está a 8 km e a Total prevê uma técnica ;off-shore; ultraprofunda, de 2.500 metros. Imaginem a destruição e o impacto nesta zona já muito sedimentada", afirmou.

"Sem falar do risco de acidente: neste caso, o petróleo não ficará em sua zona, podendo se misturar muito rapidamente com o coral. E, se alcançar a costa, não haverá nenhuma forma de limpar o manguezal", advertiu Ifticene.

Não é a primeira vez que o Greenpeace se opõe a um projeto da Total: em 2009, organizou uma campanha contra um projeto ligado à exploração de areias betuminosas no Canadá.