Bruxelas, Bélgica - O tunisiano de 39 anos detido na Antuérpia, norte da Bélgica, depois de ter tentado invadir na quinta-feira, com seu carro a toda velocidade, uma zona comercial muito movimentada, foi acusado de "tentativa de homicídio de caráter terrorista", apesar de haver dúvidas quanto as suas motivações.
"Não foi confirmado o caráter de atentado terrorista", indicou à AFP uma fonte próxima da investigação, indicando que as primeiras explicações do sujeito "não faziam qualquer sentido". Uma outra fonte sugeriu que a acusação ampla foi escolhida por precaução.
"Mohamed R.", de 39 anos e nacionalidade tunisiana, foi acusado por um juiz de instrução "por tentativa de homicídio de caráter terrorista e infração da legislação sobre as armas", e por isso se encontra em prisão provisória, afirmou a Procuradoria Federal belga.
As forças de segurança belgas detiveram na quinta-feira no início da tarde o motorista por circular em alta velocidade pela principal via comercial da Antuérpia (norte) com armas na mala do veículo, um dia após a morte de quatro pessoas em um ataque extremista em Londres.
Os serviços de segurança foram rapidamente mobilizados após o incidente, ocorrido um dia depois do aniversário dos atentados no metrô e no aeroporto de Bruxelas (32 mortos em 22 de março de 2016).
A justiça belga havia indicado em um primeiro momento que o homem era de nacionalidade francesa, mas a Procuradoria retificou esta informação nesta sexta, confirmando as informações da polícia francesa de que o suspeito é tunisiano.
Ele possui um endereço em Lens (norte da França) e era conhecido da polícia por crimes comuns, segundo uma fonte da polícia francesa.
"As únicas infrações conhecidas são de pequena gravidade, como conduzir na contramão ou uso de drogas. Ele não figura na lista S (de Segurança de Estado) e não foi relatado qualquer indício de radicalização segundo os primeiros elementos da investigação", acrescentou a mesma fonte.
De acordo com uma fonte belga próxima à investigação, "ele estaria morando nos últimos tempos em seu carro, se acreditarmos na bagunça que encontramos no veículo entre a Bélgica e Holanda, onde também foi controlado".
Quando foi preso, armas foram encontradas em seu veículo e ele vestia uma roupa de camuflagem.
Ele estava "sob a influência" de uma substância, provavelmente álcool, tornando impossível o interrogatório imediato pela polícia, afirmou uma fonte próxima ao processo.
"Diferentes armas foram encontradas no porta-malas do carro", "facas, uma espingarda e um recipiente contendo um produto ainda indeterminado", enumerou a Procuradoria belga. De acordo com a imprensa belga, o produto seria "gasolina".
O primeiro-ministro belga, Charles Michel, evitou chamar o caso de ataque, falando simplesmente de "um incidente suspeito".
A Procuradoria, responsável por casos ligados ao terrorismo, foi acionada "em vista dos primeiros elementos recolhidos e dado o que aconteceu em Londres", onde um atentado reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI) fez quatro mortos.