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Forças iraquianas controlam mais de um terço da zona oeste de Mossul

Apesar da diminuição da resistência dos extremistas, os oficiais militares alertam que batalhas sangrentas ainda estão por vir até a reconquista total da segunda maior cidade do Iraque

Mossul, Iraque - As forças iraquianas assumiram o controle de mais de um terço da zona oeste de Mossul, último reduto do grupo extremista Estado Islâmico (EI) no Iraque, de acordo com uma autoridade militar. "Mais de um terço da margem direita (oeste) do rio Eufrates está sob o controle de nossas unidades", declarou neste domingo à AFP o general Maan al-Saadi, das forças de elite de combate ao terrorismo (CTS).

Apesar da diminuição da resistência dos extremistas, os oficiais militares alertam que batalhas sangrentas ainda estão por vir até a reconquista total da segunda maior cidade do Iraque. "Estamos lutando contra um inimigo que emprega métodos irregulares, que se esconde entre os cidadãos e utiliza explosivos, franco-atiradores e homens-bomba. Mas a operação visa precisamente salvaguardar a vida dos cidadãos", explicou à AFP o general Yahya Rasool, porta-voz do comando das operações conjuntas.

[SAIBAMAIS]Esta resistência deve ser particularmente forte na Cidade Velha, bairro histórico com ruas estreitas, onde centenas de milhares de civis ainda estão presos.

As unidades de intervenção rápida e policiais federais atacavam neste domingo Bab al-Toub, perto da Cidade Velha, enquanto as CTS combatiam nos bairros al-Jadida e Al-Aghawat.

Estas forças avançam a partir do sul e assumiram vários distritos desde o lançamento, em 19 de fevereiro, da sua grande operação para retomar a zona oeste da cidade.

Avanço difícil
Mas este avanço ainda é trabalhoso. Porque "não podemos permitir bolsões (extremistas) atrás de nós. Então, precisamos assumir o controle de áreas, caçar os jihadistas, desarmar (as bombas), controlar os cidadãos presentes antes de continuar nosso progresso", explica o general Saadi. A ofensiva na zona oeste de Mossul é a segunda grande fase da operação lançada em 17 de outubro pelas forças iraquianas. Ela é apoiada pela coalizão internacional sob comando americano, que anunciou no final de janeiro a "libertação" da zona leste.

Mossul foi conquistada em junho de 2014 pelo grupo ultrarradical sunita durante uma ofensiva relâmpago que lhe permitiu tomar grandes territórios no Iraque. Envolvidos na ofensiva de Mossul, membros das forças paramilitares iraquianas Hashd al-Chaabi, dominadas por milícias xiitas, anunciaram no sábado a descoberta de uma vala comum na prisão de Badush, perto de Mossul.

A vala comum, contendo os corpos de centenas de pessoas executadas pelo EI, é a última de uma série de outras descobertas pelas forças iraquianas nos últimos meses.

Muitos mortos em Damasco
Na vizinha Síria, onde o EI também está perdendo terreno, o bairro histórico de Damasco foi atingido no sábado por um duplo atentado que ainda não foi reivindicado. Neste domingo, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informou um novo balanço de 74 mortos, incluindo 43 peregrinos iraquianos xiitas, oito crianças, 11 civis sírios e 20 combatentes sírios pró-regime. O ataque é um dos mais sangrentos a atingir a capital síria em seis anos de guerra.

O ministério das Relações Exteriores iraquiano culpou grupos "takfiris", referindo-se aos extremistas sunitas.

Nos últimos anos, vários ataques mortais atingiram Sayeda Zeinab, um importante santuário xiita ao sul de Damasco. A maioria deles foi reivindicado por grupos jihadistas hostis ao Irã e movimento xiita libanês Hezbollah, aliados-chave do regime do presidente sírio Bashar al-Assad.

Três forças estão atualmente envolvidas em combates no norte da Síria, perto do reduto extremista de Raqa: tropas turcas e seus aliados rebeldes sírios; forças do regime apoiadas pela Rússia; e uma aliança árabe-curda apoiada pelos Estados Unidos, as Forças Democráticas da Síria (SDS).