Duas pessoas morreram nesta quarta-feira em ataques aéreos no reduto rebelde de Ghuta Oriental, a leste de Damasco, apesar do anúncio no dia anterior de um cessar-fogo local pela Rússia, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
"Um jovem e uma mulher foram mortos em ataques aéreos em Duma", a principal cidade de Ghuta Oriental, indicou Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.
"Aviões, russos ou sírios" também bombardearam a cidade de Arbin, enquanto tiros de artilharia atingiram Harasta, fazendo vinte feridos na região rebelde, de acordo com a mesma fonte.
"Estes são os primeiros ataques aéreos" desde que o exército russo anunciou nesta terça-feira que um cessar-fogo foi declarado até 20 de março em Ghuta Oriental, declarou Abdel Rahman.
Um correspondente da AFP em Duma indicou que um avião havia bombardeado a cidade e que os habitantes correram para se abrigar.
Onze pessoas ficaram feridas no bombardeios, segundo o OSDH.
"A situação é trágica, os bombardeios continuam", afirmou Zeina, um habitante de Duma, contactado pela AFP via internet.
Ghuta Oriental é um reduto da rebelião síria, em particular do poderoso grupo Jaish al-Islam, o mais importante da região, e tem sido alvo de intensos bombardeios do exército sírio.
Um porta-voz militar do Jaich al-Islam, Hamza Bayraqdar, declarou que seu grupo não manteve qualquer contato com a Rússia sobre um cessar-fogo.
Um de seus líderes, Mohammed Alluche, criticou a Rússia após os últimos ataques.
"O anúncio da Rússia de um cessar das hostilidades é político. Militarmente não se aplica", denunciou.
"A Rússia quer se apresentar como uma força neutra e defensora d euma solução política, mas no terreno não é assim que acontece", afirmou, questionado pela AFP.
Engajada militarmente na Síria desde setembro de 2015, a Rússia, aliada do regime de Damasco, mudou a situação no conflito ao apoiar o exército sírio que estava em dificuldades frente aos rebeldes apoiados por países do Golfo e ocidentais.
Uma trégua patrocinada pela Rússia e Turquia, que apoia a oposição, está em vigor desde o final de dezembro, apesar das repetidas violações à trégua.
Em quase seis anos, a guerra na Síria já fez mais de 310.000 mortos e milhões de deslocados.