A Coreia do Norte lançou nesta segunda-feira (6/3) quatro mísseis balísticos, em um novo desafio ao presidente americano Donald Trump, e três projéteis caíram nas proximidades da costa do Japão.
A Coreia do Sul informou que os mísseis foram lançados em direção ao Mar do Japão e que, ao lado dos Estados Unidos, estava analisando os detalhes do ocorrido, depois de classificar de "ameaça real e imediata" a conduta do vizinho do Norte.
Em Tóquio, o primeiro-ministro Shinzo Abe afirmou que a Coreia do Norte disparou os quatro mísseis "quase simultaneamente" e que, depois de percorrer por volta de 1.000 quilômetros no sentido leste, três caíram na "Zona Econômica Exclusiva" japonesa, ou seja, a menos de 200 milhas marinhas (370 km) da costa.
"Isto demonstra claramente que a Coreia do Norte atingiu um novo nível de ameaça", disse Abe, que convocou uma reunião do Conselho Nacional de Segurança.
"Os disparos reiterados da Coreia do Norte são um ato de provocação para nossa segurança e uma violação flagrante das resoluções do Conselho de Segurança da ONU. De modo algum podemos tolerar", completou.
O líder norte-coreano Kim Jong-Un tenta desenvolver um míssil balístico intercontinental com capacidade de atingir o território dos Estados Unidos, algo que, afirmou Trump há vários meses, "não vai acontecer".
O Departamento de Estado condenou "energicamente" o lançamento dos mísseis e advertiu que os Estados Unidos estão prontos para usar "toda a gama de meios" a sua disposição "contra esta crescente ameaça".
Tropas sul-coreanas em alerta
No mês passado, Pyongyang lançou um míssil balístico - o primeiro desde outubro de 2016 -, que de acordo com Seul tinha como objetivo testar a resposta de Trump.
O presidente americano chamou na ocasião a Coreia do Norte de "grande, grande problema" e afirmou que pretendia dar uma "resposta muito enérgica".
Washington advertiu em várias oportunidades que não tolerará que a Coreia do Norte produza armamento nuclear. O governo dos Estados Unidos pressiona a China, principal aliado e sócio comercial da Coreia do Norte, a fazer o máximo para controlar o vizinho.
De acordo com o ministério sul-coreano da Defesa, o alcance dos mísseis lançados nesta segunda-feira era de "quase 1.000 quilômetros". Seul destacou que as Forças Armadas "estão monitorando de perto do exército do Norte em previsão a eventuais novas provocações e para que permaneçam alertas do ponto de vista militar".
O presidente interino sul-coreano, Hwang Kyo-Ahn, afirmou após uma reunião do Conselho de Segurança Nacional que "levando em consideração a brutalidade e imprudência demonstradas com o assassinato de Kim Jong-Nam (meio-irmão do ditador norte-coreano) o que pode acontecer se o Norte conseguir a arma nuclear é algo que supera o imaginável".
Sistema antimísseis dos EUA
Kyo-Ahn reiterou ser partidário de uma "rápida mobilização" do caro sistema de defesa antimísseis americano THAAD, uma possibilidade que irrita particularmente a China.
Seue e Washington iniciaram na semana passada uma série de exercícios militares conjuntos, o que sempre irrita Pyongyang, que considera as manobras um teste para uma eventual invasão.
Durante uma visita a um quartel do exército, o líder norte-coreano Kim Jong-Un ordenou as tropas a preparar medidas capazes de contra-atacar um ataque aéreo do inimigo com "um golpe impiedoso", anunciou a agência estatal KCNA no dia em que começaram os exercícios "Foal Eagle".
As resoluções da ONU proíbem a Coreia do Norte de utilizar qualquer tipo de míssil balístico.
No entanto, seis pacotes sucessivos de sanções impostos pela ONU a partir de um primeiro teste nuclear norte-coreano em 2006 não conseguiram dissuadir Pyongyang de avançar com seu programa.
No ano passado, a Coreia do Norte executou dois testes nucleares, assim como vários lançamentos de mísseis.
Os analistas divergem sobre o estado de desenvolvimento de Pyongyang em termos de armas nucleares, mas todos concordam que o país registrou grandes avanços desde a chegada ao poder de Kim Jong-Un, após a morte de seu pai, Kim Jong-Il, em dezembro de 2011.
Kim Dong-Yup, analista da universidade sul-coreana Kyungnam, considera pouco provável que os quatro mísseis disparados nesta segunda-feira tivessem como objetivo testar uma nova arma.
"Se estivessem testando um novo míssil, não teriam lançado quatro ao mesmo tempo", afirmou.