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Necropsia tenta esclarecer assassinato de meio-irmão de líder norte-coreano

Em 2012, Kim Jong-nam escreveu a Kim Jong-un para implorar que ele perdoasse sua vida e a de sua família, afirmaram nesta quarta-feira deputados sul-coreanos após uma reunião com o diretor dos serviços de espionagem sul-coreanos

A necropsia do cadáver do meio-irmão do líder norte-coreano Kim Jong-un, assassinado misteriosamente no aeroporto de Kuala Lumpur com um método parecido com os utilizados durante a Guerra Fria, será realizada nesta quarta-feira.

Kim Jong-nam, de 45 anos, filho mais velho do falecido líder Kim Jong-il, que vivia há anos no exílio, aparentemente foi envenenado na segunda-feira por duas mulheres que teriam fugido de táxi.

Alguns meios de comunicação mencionaram o uso de agulhas envenenadas, outros disseram que jogaram um líquido em seu rosto.

Nesta quarta-feira, a polícia malaia informou que uma mulher com passaporte vietnamita foi presa no âmbito da investigação do assassinato.

A suspeita, que não foi identificada, foi detida no aeroporto internacional de Kuala Lumpur, declarou o chefe da polícia deste país do sudeste asiático, Khalid Abu Bakar.

O assassinato, ocorrido dias antes das celebrações na Coreia do Norte pelo nascimento de Kim Jong-il, foi apresentado por Seul como uma prova da "brutalidade da natureza desumana" do regime de Pyongyang.

Por sua vez, a polícia malaia estudou as gravações das câmeras de segurança para entender o que ocorreu na manhã de segunda-feira no aeroporto.

Disse no aeroporto "que alguém havia agarrado sua cabeça por trás e que jogou um líquido em seu rosto", declarou o chefe da polícia criminal do estado de Selangor, Fadzil Ahmat, segundo o jornal malaio The Star.

"Pediu ajuda e imediatamente foi enviado à clínica do aeroporto. Neste momento, disse que tinha dor de cabeça e parecia estar prestes a desmaiar", contou.

"Na clínica (do aeroporto) sofreu um ataque cardíaco. Foi colocado em uma ambulância e quando estava a caminho do hospital de Putrajaya morreu".

Visitar Disneyland

Nesta quarta-feira seu corpo foi transferido, escoltado, ao hospital de Kuala Lumpur, onde a equipe forense tentará averiguar as circunstâncias da morte.

O ministério sul-coreano de Unificação confirmou que a vítima era Kim Jong-nam, que por um tempo foi considerado o herdeiro do regime de Pyongyang.

Mas caiu em desgraça depois de protagonizar um incidente embaraçoso para o regime comunista em 2001, quando tentou, sem sucesso, viajar ao Japão com um passaporte falso para visitar o parque de diversões Disneyland.

Desde então, Kim Jong-nam viveu no exílio com sua família, em Macau, Cingapura e China. Aparentemente, viajava com frequência a Bangcoc, Moscou e Europa.

No fim do governo de seu pai se mostrou crítico ao sistema dinástico do regime norte-coreano. Além disso, expressou suas dúvidas a respeito da capacidade de seu meio-irmão quando este assumiu o poder, no fim de 2011.

Os anúncios de expurgos, execuções e desaparecimentos - alguns confirmados, outro não - são frequentes desde então.

Em 2012, Kim Jong-nam escreveu a Kim Jong-un para implorar que ele perdoasse sua vida e a de sua família, afirmaram nesta quarta-feira (15/2) deputados sul-coreanos após uma reunião com o diretor dos serviços de espionagem sul-coreanos.

;Paz; e ;Amizade;

"Se for confirmado, o assassinato de Kim Jong-nam seria um exemplo que demonstraria a brutalidade e a natureza desumana do regime norte-coreano", declarou o presidente sul-coreano interino, Hwang Kyo-Ahn, segundo seu porta-voz.

Trata-se da personalidade mais importante assassinada pelo governo de Kim Jong-un desde a execução, em dezembro de 2013, de seu tio, Jang Song-thaek, outrora número dois oficioso do regime.

Submetido a uma crescente pressão internacional pelos programas nuclear e balístico norte-coreanos, Kim Jong-un tenta reforçar seu poder.

Na segunda-feira, o Conselho de Segurança da ONU condenou por unanimidade - incluindo a China, principal aliada de Pyongyang - o lançamento de um míssil realizado no domingo pela Coreia do Norte.

Segundo Cheong Seong-Jang, pesquisador do Instituto Sejong, um grupo de reflexão de Seul, é "impensável" que o assassinato tenha sido cometido sem uma ordem direta de Kim Jong-un.

O crime, considerou, provavelmente foi motivado pelas informações recentes de que Kim Jong-nam teria tentado, desde 2012, desertar nos Estados Unidos, União Europeia ou Coreia do Sul.

Em Pyongyang, começaram os festejos pelo aniversário, na quinta-feira, do nascimento de Kim Jong-il, mas ninguém mencionou a morte trágica de seu primogênito.

Nos cartazes que decoravam uma exibição de patinação artística, que contou com a presença de quase 3.000 funcionários, estavam escritas as palavras "Paz", "Independência" e "Amizade".