A Colômbia e o ELN, último grupo de guerrilha do país, devem iniciar nesta terça-feira (7/2) no Equador os diálogos para superar um conflito armado de mais de meio século, com o objetivo de alcançar a "paz completa" após o pacto com as Farc.
Depois de três anos de contatos secretos e vários meses de atraso, representantes do governo de Juan Manuel Santos e do Exército de Libertação Nacional (ELN) instalarão a mesa de negociações às 17H00 (20H00 de Brasília) na Fazenda Cashapamba, uma propriedade dos jesuítas a 30 km de Quito.
"A fase pública de conversações (...) nos permitirá alcançar a paz completa", afirmou há alguns dias o presidente Juan Manuel Santos, Nobel da Paz por assinar um histórico acordo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), principal e mais antigo grupo insurgente do país.
Em uma cerimônia de uma hora e meia, os principais negociadores do governo, Juan Camilo Restrepo, e da guerrilha, Pablo Beltrán, abrirão o processo de paz diante dos representantes dos países mediadores (Equador, Brasil, Chile, Cuba, Noruega e Venezuela), 150 convidados e quase 60 meios de comunicação nacionais e estrangeiros.
De acordo com fontes equatorianas, as duas delegações iniciarão os debates na quarta-feira e devem convocar a imprensa quando considerarem conveniente para informar sobre o avanço do processo.
O Equador será a sede da primeira e da última fase de negociações. As demais acontecerão nos outros países garantes.
O ELN libertou na véspera um soldado que estava em seu poder. O militar, de 39 anos, foi dado como desaparecido em 28 de janeiro pela força pública no conturbado Arauca, na fronteira com a Venezuela, e três dias depois da guerrilha guevarista reconheceu tê-lo capturado em 24 de janeiro "quando estava desenvolvendo trabalhos de espionagem".
O governo Santos exigia a libertação do soldado e considerava sua detenção pela guerrilha como um "gesto hostil". A libertação garantiu o início das negociações.
Criada em 1964 e inspirada na revolução cubana e na teologia da libertação, a ELN é a única guerrilha ativa na Colômbia com quase 1.500 combatentes, de acordo com números oficiais.
A Colômbia, que implementa o acordo assinado com as Farc em novembro, tenta acabar com um violento conflito interno que envolveu guerrilhas, paramilitares e agentes do Estado, com um balanço de 260.000 mortos, 60.000 desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados.